Milhares de simpatizantes de Guaidó, envergando t-shirts brancas e bonés com as cores da bandeira da Venezuela, reuniram-se em Los Cortijos, no nordeste de Caracas, para se inscreverem nas listas de voluntários prontos a participar na entrega de ajuda ao país.
Juan Guaidó, que garante que a ajuda humanitária entrará no país a 23 de fevereiro, apelou a novas manifestações nesse dia para apoiar os voluntários. “Todo o país estará mobilizado (…) para dizer ao mundo que permaneceremos na rua até ao fim da usurpação, que seja estabelecido um governo de transição e realizadas eleições livres”, afirmou perante os milhares de simpatizantes.
De acordo com o líder da oposição, 600 mil pessoas inscreveram-se para participar na entrega da ajuda humanitária norte-americana ao país.
Guaidó indicou que as “caravanas” de voluntários não se concentram unicamente na vila fronteiriça colombiana de Cucuta, mas também junto à fronteira com o Brasil, onde estão instalados dois centros de armazenamento e o ponto de chegada da ajuda que será enviada da ilha de Curaçau.
Os alimentos e medicamentos enviados pelos Estados Unidos, em resposta ao apelo de Guaidó, foram armazenados em Cucutá desde 07 de fevereiro, mas a sua entrada foi bloqueada pelo Governo de Caracas.
Novas dezenas de toneladas chegaram hoje, que se adicionam às 2,5 toneladas embarcadas na sexta-feira de Porto Rico.
Reconhecido por cerca de 50 países como Presidente interino do país, o líder do parlamento, a única instituição do país nas mãos da oposição, reiterou o seu apelo aos militares para permitir que a ajuda humanitária passasse.
Numa nova mensagem para o Exército, Guaidó deu sete dias para se colocarem “do lado da Constituição e fazer o que for preciso".
A Venezuela vive grande instabilidade política desde 10 de janeiro passado, quando Maduro tomou posse após umas eleições que não foram reconhecidas como legítimas pela maioria da comunidade internacional.
A crise política agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
C/ LUSA