“O Juntos pelo Povo vai pedir uma audição parlamentar para esclarecer um conjunto de críticas e contradições, entre os responsáveis governamentais da região e da República, no que diz respeito à garantia de apoios sociais para o regresso dos lusodescendentes à Madeira, tendo em conta os acontecimentos na Venezuela”, disse o deputado Carlos Costa numa conferência de imprensa, no Funchal.
O parlamentar do JPP acrescentou que esta audição visa, além do secretário de Estado José Luís Carneiro, o secretário regional da Educação, Jorge Carvalho, que tutela as comunidades madeirenses.
Segundo o JPP, o chefe do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, tem mencionado que “os apoios por parte da Segurança Social têm sido praticamente nulos”, “não passam de conversa” e “tardam em chegar”.
Carlos Costa apontou que o secretário de Estado já “refutou estas críticas relativamente à falta de apoio”.
Por isso, o partido considera que devem ser esclarecidos estes “discursos contraditórios entre os dois governos e as reais necessidades destes cidadãos que regressam à Madeira e que necessitam de apoio em diversos setores”.
“O JPP pretende saber o que está a falhar”, declarou.
O deputado do JPP apontou que o que está em causa é um “processo de cooperação e articulação entre os dois governos, relativamente a um conjunto de apoios que estavam programados, da República para a região, até porque compete ao Estado desempenhar um conjunto de responsabilidades com os encargos no acolhimento a estes lusodescendentes que regressam ao país”.
A crise na Venezuela provocou o regresso à Madeira de cerca de 6.000 elementos da comunidade madeirense emigrante naquele país.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
LUSA