"Portugal tem de ser um ‘pivot’ muito ativo nesta questão da Venezuela até porque a questão não é apenas da Venezuela, é também uma questão portuguesa", afirmou, no final de uma reunião que juntou o deputado eleito pela Madeira, deputados regionais e representantes da comunidade venezuelana.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, será ouvido na terça-feira na reunião da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e onde o deputado quer defender uma “posição mais ativa para o encontrar de soluções”.
"O que vamos transmitir ao senhor ministro, e depois de termos ouvido representantes da comunidade portuguesa na Venezuela, é que o Governo português tem de estabelecer com as autoridades venezuelanas linhas vermelhas onde não se pode passar", disse.
"Uma delas é haver, seja que por razões forem, detidos madeirenses por se terem manifestado contra o regime de Nicolás Maduro", afirmou, considerando "inaceitável que qualquer português seja detido por tomar posições políticas na Venezuela".
Paulo Neves disse que a posição que será transmitida ao ministro "é uma visão particular do PSD", ressalvando que, no imediato, é necessário um maior envolvimento para a criação de corredores humanitários de forma a “prestarem ajudas urgentes a uma população que precisa".
Disse também não aceitar "ataques cirúrgicos" a interesses de portugueses na Venezuela, sejam a bens ou pessoas.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
LUSA