“Estão convocadas manifestações de sentido contrário para quarta-feira: manifestações de oposição a [Nicolás] Maduro e de apoio à Assembleia Nacional, e de oposição à assembleia nacional e de apoio a Maduro e nós apelamos para que essas manifestações decorram pacificamente e aconselhamos os portugueses e os lusodescendentes a terem os habituais cuidados de segurança nestas ocasiões”, declarou o governante.
Falando aos jornalistas após a primeira reunião do ano dos chefes de diplomacia da União Europeia (UE), em Bruxelas, Santos Silva vincou: “A todos o que nós dizemos é que é muito importante que o processo político venezuelano se mantenha no plano político”.
A reunião de hoje ocorreu menos de duas semanas após Nicolas Maduro ter sido empossando para um segundo mandato presidencial, numa cerimónia na qual os 28 Estados-membros da UE não se fizeram representar.
Para Augusto Santos Silva, “não há outra solução para a estabilidade política” do que o “relançamento do processo de diálogo”.
“Parece-nos que, sem uma solução de estabilidade política, a gravíssima crise económica e social que a Venezuela vive não pode ser ultrapassada”, salientou.
Por isso, reiterou a necessidade de criar um grupo de contacto internacional.
“Estes acontecimentos mostram mais uma vez, do ponto de vista de Portugal – que também é partilhado pela alta representante [para a Política Externa, Federica Mogherini] e por outros países como Espanha e Itália – o quão urgente é constituir o grupo de contacto internacional que a UE tem procurado construir com outros atores internacionais relevantes”, vincou Augusto Santos Silva.
A seu ver, isso iria permitir “dar um novo impulso ao processo político venezuelano”.
No final da semana passada, um grupo de embaixadores da UE reuniu-se com o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e no dia seguinte com o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), onde a oposição detém a maioria.
“As duas reuniões foram positivas no sentido em que se mantém um canal de comunicação que nos parece indispensável”, concluiu o ministro português.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, Maduro foi reeleito para um novo mandato presidencial nas eleições antecipadas de 20 de maio de 2018, com 6.248.864 votos (67,84%).
Um dia depois das eleições, a oposição venezuelana questionou os resultados, alegando irregularidades e o não respeito pelos tratados de direitos humanos ou pela Constituição da Venezuela.
Vários países manifestaram a intenção de não reconhecer o novo mandato de Nicolás Maduro.
No mesmo dia da tomada de posse, o parlamento venezuelano declarou-se em emergência para restituir o "fio constitucional", denunciando que há uma "usurpação da Presidência" do país.