As atribuições de nacionalidade portuguesa a venezuelanos e lusodescendentes está a aumentar desde 2015, ocasião em que a Venezuela caiu numa crise económica, política e social, segundo dados estatísticos do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN).
Apenas um pedido de um cidadão venezuelano foi indeferido e 41 foram concedidos em nove meses deste ano.
Nos lusodescendentes, 191 receberam decisão favorável e também um não reuniu as condições para a concessão da nacionalidade portuguesa.
Em 2017, o IRN registou um total de 334 pedidos de nacionalidade portuguesa, 274 venezuelanos com residência em Portugal e 60 não residentes. Um total de 17 foi indeferido.
Os dados estatísticos de 2016 referem que 209 cidadãos da Venezuela com residência em Portugal requereram a atribuição de nacionalidade (oito indeferimentos) e 54 não residentes (seis sem a concessão).
O IRN deferiu 137 pedidos de nacionalidade portuguesa de venezuelanos e lusodescendentes, 112 de residentes em Portuga e 25 não residentes, enquanto 20 foram negados.
A crise económica e social obrigou já centenas de milhares de pessoas a abandonarem a Venezuela. Muitos viajaram para o Brasil, entre eles portugueses.
A comunidade portuguesa na Venezuela é constituída por meio milhão de portugueses e lusodescendentes.
"São mais de mil os portugueses que abandonaram a Venezuela", afirmou a conselheira do Conselho das Comunidades Portuguesas na Venezuela, Maria de Lurdes Almeida, destacando que "os jovens, principalmente, querem sair", porque "não veem muito futuro".
A conselheira na Venezuela disse que "as filas às portas do Consulado" português em Caracas para "tramitar a documentação" são enormes, o que "antes não acontecia".
Grande parte dos emigrantes portugueses e lusodescendentes na Venezuela regressados a Portugal está na Madeira e no distrito de Aveiro.
Na Madeira, o Governo Regional estima que, desde 2015, tenham retornado cerca de 6.000 portugueses.
Em fevereiro, um estudo da Hercon Consultores indicava que a economia venezuelana se agravou desde 2014, com 89,5 dos venezuelanos a não conseguirem rendimentos suficientes para assegurar as necessidades básicas e a inflação a fixar-se acima dos 800% por ano.
LUSA