O ex-presidente executivo do Banif Jorge Tomé disse hoje que o que se passou com o banco foi uma "liquidação forçada", considerando que a proposta do Santander Totta de compra dos ativos do banco poderia ter sido melhor.
"O que aconteceu a 19 e 20 de dezembro não foi a venda do Banif, foi a liquidação forçada do Banif", disse hoje Jorge Tomé, numa conferência em Lisboa sobre o sistema financeiro português.
Aquele que foi o responsável pela gestão do Banif nos últimos anos, até à resolução do banco no final de 2015, fez hoje muitas críticas ao processo de resolução, nomeadamente ao papel da Direção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia e do Banco de Portugal.
Jorge Tomé afirmou ainda que a proposta que o Santander Totta fez pelo Banif no processo de venda voluntária, antes da resolução, era "bastante melhor do que a que foi encontrada" e acordada após o resgate.
"Já que queriam que fosse o Santander por que não melhoraram a proposta do Santander", questionou.
Jorge Tomé mostrou ainda dúvidas sobre os ativos do Banif que passaram para o Santander Totta, afirmando que é "opaca" a informação sobre os ativos e passivos transferidos, assim como os preços a que foram avaliados nessa passagem.
A 20 de dezembro, domingo ao final da noite, o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos – incluindo ‘tóxicos’ – para a nova sociedade veículo Oitante.
A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2.255 milhões de euros, a que se somam duas garantias bancárias do Estado no total de 746 milhões de euros.
Com a resolução, o Estado perde ainda os 825 milhões de euros da injeção de capital que fez no final de 2012 no banco. Então, o Estado investiu 700 milhões em ações e 400 milhões de euros em dívida híbrida — ‘CoCo bonds’ – dos quais o Banif só devolveu 275 milhões.