“É preciso perceber porque estamos a ministrar, de forma intensiva, um conjunto de cursos na área do socorro”, disse o governante.
Miguel Albuquerque falava na cerimónia de abertura do curso Resposta Médica em Acidentes Graves (MRMI – Medical Response to Major Incidents), na área da proteção civil, que decorre até ao dia 14 deste mês, nas instalações do centro de salvamento costeiro do Corpo Voluntário de Salvadores Náuticos (SANAS).
O chefe do executivo insular referiu que a humanidade está a “enfrentar fenómenos de alterações climáticas que não consegue perceber" e que "trazem consequências devastadoras" para a vivência comum.
“E temos grande insuficiência no controlo destes eventos. Não conseguimos perceber, nem dominar estes eventos”, reforçou Albuquerque.
O responsável madeirense argumentou que “o que se está a passar a nível das alterações climáticas, no caso das aluviões, são cargas de água cada vez maiores e o espaço tempo que medeia a sua ocorrência é menor, e cada vez são mais intensos”.
Mencionou o caso da aluvião de 20 de fevereiro de 2010 na Madeira que provocou 43 mortos e seis desaparecidos, além de 250 feridos e 600 desalojados e prejuízos materiais avaliados em 1.080 milhões de euros.
O governante referiu ainda que, enquanto foi autarca na Câmara do Funchal, teve de enfrentar “17 grandes incêndios”, sendo o mais grave em 2016, porque ocorreu a conjugação de três fatores: muito baixa taxa de humidade, calor altíssimo e vento forte.
“Há fenómenos que nos escapam e a capacidade de previsão e enfrentamento revelam-se amiúde insuficientes”, destacou.
Por isso, a importância deste tipo de ações, sendo necessário “estar preparados com alguma humildade para enfrentá-los, através da melhor formação dos quadros e de forma integrada”, passando pela cooperação de todos os serviços e a melhor utilização da tecnologia possível.
Miguel Albuquerque salientou que a Madeira é uma das regiões que dá uma “das melhores formações na área médico sanitária”, incluindo a nível nacional, reforçando ser preciso apostar na mobilização da “própria sociedade civil”.
No seu entender, a situação “exige capacidade de resposta de cooperação e formação muito maior”.
O curso é ministrado por um grupo de instrutores em Trauma e Catástrofe do Madeira Internacional Training Center (MIDTC), sendo a 17.ª ação MRMI (Medical Response to Major Incidents), contando com a inscrição de 150 profissionais de saúde e de outras áreas de intervenção, nomeadamente da proteção civil, forças de segurança e gestores.
A maioria dos formandos é da Madeira, mas também haverá participantes dos Açores e do continente, nomeadamente das regiões Centro e do Algarve.
A formação ministrada baseia-se num modelo de simulação avançada, treinando toda a cadeia de comando, cenário do acidente, transportes, pré-hospitalar, gestão de hospitais face a cenários de multi-vítimas, triagem, corredores de evacuação e estrutura da comunidade que possa utilizar na resposta a um incidente multi-vítimas, ou seja, numa catástrofe.
Com esta formação, pretende-se promover a diferenciação destes profissionais nesta área de gestão e comando de um cenário de catástrofe, segundo a organização.
C/LUSA