"Creio que a alternativa [à aprovação do meu plano pelo Parlamento britânico] será que não teremos um acordo", disse May numa entrevista à BBC.
O plano ‘Chequers’ contempla criar uma área de livre comércio para bens depois do ‘Brexit’, o que evitaria os controlos de alfândega e manteria aberta a fronteira irlandesa.
No entanto, os deputados conservadores mais eurocéticos, entre os quais o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson, rejeitam essa possibilidade, que deixaria o Reino Unido ligado aos outros 27 Estados-membros e dificultaria a negociação de acordos comerciais com países exteriores à UE.
Os eurocéticos propõem utilizar tecnologia já existente para evitar uma fronteira visível.
Na entrevista, May considera necessário um "movimento de mercadorias livre de fricções", sem alfândegas ou controlos reguladores entre o Reino Unido e a UE na ilha da Irlanda para evitar uma fronteira física.
O objetivo do Reino Unido é evitar uma fronteira visível entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte para não prejudicar o processo de paz.
Já hoje, Johnson voltou a criticar o plano de May, ao afirmar, no jornal "The Daily Telegraph", que o fracasso do Governo em resolver a questão irlandesa levou a uma "abominação constitucional".
"Pela primeira vez desde 1066 (conquista normanda da Inglaterra), os nossos líderes consentem deliberadamente a uma autoridade estrangeira".
Johnson acrescentou que o plano "Chequers" implica que o Reino Unido "permaneça efetivamente na união aduaneira e grande parte do mercado único".
O diário "The Times" escreve hoje que a UE parece estar disposta a aceitar uma fronteira irlandesa "sem fricções".
Segundo o jornal, o negociador comunitário, Michel Barnier, está a trabalhar num novo plano para utilizar tecnologia que permitiria minimizar os controlos aduaneiros.
A questão da fronteira irlandesa, que nem Londres nem Bruxelas querem reintroduzir, é uma das principais dificuldades nas negociações do ‘Brexit’, que as duas partes querem concluir até à cimeira de outubro ou, o mais tardar, no início de novembro, poucos meses antes do divórcio, previsto para 29 de março.
O ‘Brexit’ será um dos assuntos em discussão na cimeira informal de quinta-feira em Salzburgo.
LUSA