
Sociedade
29 jul, 2025, 09:49
Um terço dos estrangeiros têm ensino superior
No retrato demográfico que fazem à população estrangeira em Portugal, os autores do estudo apontam que Portugal contava, no final de 2024, com uma população ativa estrangeira de 346.800 pessoas, das quais 302.200 estavam empregadas e 44.600 desempregadas.
Dentro da população empregada, 51,3% eram homens e 48,7% mulheres, sendo que Lisboa, com 43,8%, acolhia quase metade dos estrangeiros desempregados em Portugal, seguindo-se Norte (21,2%) e Algarve (14,3%).
Os dados analisados pela Randstad Research apontam que os estrangeiros “estão mais representados em certos setores de reconhecida escassez de talento em Portugal”, destacando-se a agricultura (6,2% dos trabalhadores estrangeiros), hotelaria (18,3%), atividades administrativas e serviços de apoio (que incluem limpeza, com 20,8%) e construção (12%), categorias em que os trabalhadores portugueses apresentam quotas respetivas de 2,4%, 8,7%, 9,8% e 8,4%.
A análise concluiu ainda que a contratação temporária e a tempo parcial é superior para os estrangeiros, sendo que, em 2024, cerca de um em cada três (35,8%) estava com contratos de emprego temporário, contra 15,9% do total da população.
Também o emprego a tempo parcial estava mais presente nos trabalhadores imigrantes (11,2%) do que entre a população total em Portugal (8,1%).
Quanto às qualificações, os autores assinalaram que, “contrariamente à perceção comum”, uma parcela significativa da população nascida no estrangeiro e residente em Portugal possui qualificações elevadas”, com 31,6% dos estrangeiros a possuírem ensino superior e 43,6% ensino secundário e pós-secundário, acima das médias europeias de 27,4% e 32%, respetivamente.
Um outro quesito analisado refere mesmo que os estrangeiros “estão desproporcionalmente concentrados em trabalhos menos qualificados, independentemente do seu nível de qualificação”, estando mais de metade em trabalhos não qualificados (29,7%) e trabalhadores dos serviços pessoais, proteção e vendedores (22,4%), contra 14,6% e 21% no caso da população em geral.
Sobre o impacto dos imigrantes nos sistemas de Segurança Social, o documento refere que estes “contribuem significativamente para a sustentabilidade” e destaca a evolução nos últimos anos, em que o saldo entre contributos e prestações recebidas foi sempre positivo, até a um máximo de 2.958 milhões de euros no ano passado, fruto de contribuições de 3.645 milhões de euros e de prestações recebidas de 687 milhões de euros.
Apesar de apresentarem uma taxa de desemprego (11,9%) superior à da população total em Portugal (6,6%), a proporção de desempregados de longa duração entre imigrantes é 16,7 pontos percentuais mais baixa do que a da população total, o que significa que estes apresentam “uma maior capacidade de inserção mais rápida no mercado de trabalho”.
A Randstad Research reconhece que a população estrangeira com estatuto legal de residente tem crescido e está a alcançar “valores sem precedentes”, ultrapassando os 1,04 milhões de pessoas em 2023, enquanto número de imigrantes permanentes cresceu para 177.557, que contrasta “drasticamente com as entradas anuais da década de 2010”.
Uma outra diferença assinalada pelos autores do relatório é a idade da população imigrante, em que mais de metade (55%) tem entre 20 e 44 anos, contra 29% para o total de residentes em Portugal.