Foi o Presidente da República quem o disse a 26 de junho, no mesmo dia em que foi divulgado que o padre madeirense tinha sido indigitado pelo papa como arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, passando a tutelar a mais antiga biblioteca do mundo.
Nesse mesmo dia foi também anunciado que José Tolentino de Mendonça seria elevado a arcebispo, recebendo simbolicamente a antiga sede episcopal de Suava, no norte de África.
A ordenação episcopal acontece na tarde de sábado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e a celebração será presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e terá como bispos co-ordenantes o cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal.
Foi na Madeira, em Machico, que nasceu e foi lá que se tornou padre, aos 24 anos. Mas também viveu em Angola, onde passou a infância, regressando à Madeira com o 25 de Abril. E depois em Roma, onde estudou ciências bíblicas, e ainda em Lisboa para estudar teologia bíblica na Universidade Católica, onde foi professor e vice-reitor.
No ano em que se tornou padre editou também o primeiro livro de poesia, “Os Dias Contados”, o primeiro de dezenas de outros livros, de poesia, essencialmente, mas também de ensaios e textos pastorais, teatro até, sem contar com artigos em revistas e jornais.
Foi diversas vezes premiado e recebeu em 2001 a ordem do Infante D. Henrique, sendo depois de novo condecorado pela Presidência da República em 2015, com a Ordem de Sant´Iago de Espada.
José Tolentino Calaça de Mendonça, arcebispo a partir de sábado, é um admirador confesso da poesia de Herberto Helder, que foi também um madeirense, de Pasolini, cineasta, poeta e escritor italiano, ou de Fernando Pessoa, entre outros nomes, quase sempre poetas.
A sua escolha pelo papa tornou-o também mais admirado. A Assembleia Legislativa da Madeira aprovou um voto de congratulação, a Assembleia da República um voto de louvor. Os deputados consideraram-no “um dos mais destacados teólogos portugueses” e lembraram os “diversos prémios pela sua obra poética e ensaística”.
O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu-se ao “vulto maior da cultura portuguesa contemporânea” e disse que a nomeação “é um ato que engrandece o nome de Portugal”, e confessou-se seu admirador.
Mas não só. Tolentino de Mendonça, disse o Presidente, “é admirado pelos portugueses”, tendo alcançado “um lugar cimeiro” em Portugal e no “seio da intelectualidade católica de todo o mundo”.
Doutor em Teologia Bíblica, antigo vice-reitor da Universidade Católica e diretor da respetiva Faculdade de Teologia, consultor do Conselho Pontifício da Cultura, reitor do Pontifício Colégio Português em Roma, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Igreja Católica em Portugal, será arcebispo a partir de sábado.
LUSA