"Sempre nos orgulhámos de ser portugueses e portugueses quisemos sempre continuar, o que não aceitamos é ser portugueses de segunda, portugueses que andam de mão estendida, portugueses que são discriminados dentro do seu próprio país", declarou o deputado regional do PSD João Paulo Marques, no plenário.
O social-democrata pediu para que a República não se esqueça dos madeirenses "quando as taxas de juro baixam para o país", "quando a TAP quer fechar [aos madeirenses] as portas de Portugal” e "quando a força da natureza obriga [os madeirenses] a pedir a solidariedade nacional".
"Senhor primeiro-ministro, não se esqueça de cumprir com aquilo que prometeu à Madeira e aos madeirenses", sublinhou.
João Paulo Marques acusou António Costa de não honrar a palavra dada na sua mais recente visita oficial à região – governada pelo PSD – quanto à revisão do subsídio de mobilidade aérea (que a região espera ver revisto há “mais de 800 dias”), ao previsto apoio de 50% à construção do novo hospital e a juros da dívida mais baixos (renegociação pretendida pela região que permitiria ao arquipélago poupar mais de 10 milhões de euros por ano).
O hospital, sublinhou, “já está nos Orçamentos de Estado desde 2016”, mas “nem um euro chegou à Madeira”, esperando-se agora que seja classificado como Projeto de Interesse Comum, para conseguir financiamento.
Para o deputado, "o desdém do centralismo lisboeta em relação à Madeira assenta em duas ideias: que a Madeira vive à custa do resto do país e que os madeirenses não são capazes de se governarem".
"Este pensamento, enraizado ao longo de séculos, continua hoje presente na mente e espírito da classe política lisboeta. É esse mesmo desprezo que torna aceitável o tratamento que a TAP – companhia aérea pública – sujeita os madeirenses", acrescentou.
Na resposta, o presidente do grupo parlamentar do PS, Víctor Freitas, referiu que as críticas do PSD se inserem numa necessidade de continuar a "encontrar o inimigo externo", o que, no seu entender, é uma prática com 40 anos.
O socialista lembrou que o Governo da República já resolveu diferentes questões, como a entrega aos arquipélagos de receitas dos jogos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ou as dívidas dos subsistemas da saúde.
O deputado disse ainda que a "dialética autonómica" do PSD esteve "congelada" durante os anos de Governo da República de Pedro Passos Coelho (PSD).
O deputado independente Gil Canha criticou o PSD por "só falar do drácula de Lisboa" quando a região "está rodeada de vampiros”, numa alusão aos grupos económicos.
A Assembleia da Madeira debateu ainda a proposta de decreto legislativo regional do Governo Regional que estabelece uma nova sinalização rodoviária, permitindo a circulação a uma velocidade superior em 10 quilómetros hora relativamente às velocidades máximas fixadas quando os pisos se encontrem secos nas vias rápidas e expresso, e o projeto de resolução do PSD que exige do Governo da República o cumprimento da promessa de transferências dos 30,5 milhões de euros para as intervenções na sequência dos incêndios de 2016.
As votações no parlamento regional decorrem à quinta-feira.
LUSA