De acordo com a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), as eleições presidenciais antecipadas, previstas para 20 de maio, carecem de legitimidade "perante a magnitude dos problemas humanos" e "longe de trazerem uma solução para a crise que vive o país, podem agravar a situação e levar a uma catástrofe humanitária sem precedentes".
"Por isso, é urgente que sejam adiadas para o último trimestre do ano", acrescentou o comunicado.
Segundo a CEV, as eleições, como estão projetadas, carecem das garantias suficientes de um processo eleitoral livre, confiável, transparente e registam vários impedimentos legais ou desqualificações de possíveis candidatos.
"Fazemos esta petição pelo bem do país (…) Não se pode privilegiar os interesses de pequenos grupos políticos perante o interesse da grande maioria da população venezuelana (…). Pedimos publicamente o adiamento destas eleições para o último trimestre do ano", segundo a nota.
Os bispos consideraram que "a democracia e os seus valores aperfeiçoam-se, se as condições de convivência, de desenvolvimento e de experiência do bem comum favorecerem todo o povo".
No documento, a CEV começou por explicar que os venezuelanos entram, todos os dias, "numa espiral de conflitos que tem raízes na crise generalizada que existe no país e que afeta poderosamente as pessoas e famílias mais vulneráveis", estudantes, profissionais e as instituições em geral.
"Esta realidade não tem sido atendida nem pelo Governo nacional, nem pelos governos regionais", levando a uma "crescente deterioração que sofre o povo", sublinhou.
"Uma consequência direta disto é a indiferença perante uma campanha eleitoral que não tem tido emoções, nem um projeto de país, nem um número considerável de seguidores", adiantou.
Para os bispos venezuelanos, "lá no fundo, o povo entende que a convocatória destas eleições foi feita com tanta antecipação por favorecer interesses políticos", destacando também a ilegalidade da instituição que convocou o escrutínio, a Assembleia Constituinte.
LUSA