Em Braga, à margem de um debate na Escola de Medicina da Universidade do Minho, Rui Rocha acrescentou que a ministra da Saúde é neste momento “um ponto de interrogação”, porque estão em curso investigações, auditorias e inquéritos que “ditarão a sorte” de Ana Paula Martins.
“Não percebemos o que é que ainda está a fazer o diretor de INEM em funções e o que é que está a fazer a secretária de Estado da Gestão da Saúde”, afirmou.
Rui Rocha disse que a secretária de Estado “foi desautorizada pela ministra”, quando lhe retirou a tutela do INEM, e que o presidente do INEM deve também sair porque “houve negligência, pelo menos, grave” na gestão dos acontecimentos dos últimos dias.
“Os dados são suficientes para percebermos que não podem continuar em funções. É, aliás, incompreensível como é que estamos nesta situação já praticamente há duas semanas e tudo aquilo que acontece da parte do primeiro-ministro é fugir à resposta e às explicações. Parece-nos que a cada dia que passa piora a situação, creio que era preciso dar um sinal de reorganização das equipas, começando pela secretária de Estado e pelo diretor do INEM”, referiu.
Em relação à ministra, defendeu que é preciso esperar.
“É um ponto de interrogação. Queremos mais dados, queremos conhecer os resultados dos inquéritos”, adiantou.
Quanto à alegada intenção de privatização do INEM, Rui Rocha disse que “é um fantasma que a esquerda está a criar, mas que não faz nenhum sentido”.
“Não há nenhuma necessidade”, defendeu.
Para o líder da IL, a “primeira coisa a fazer” é acabar com a “má prática de sugar recursos” do INEM para outras áreas e que o instituto tenha “os recursos a que tem direito e possa sobre isso construir a sua estrutura”.
“Depois, é preciso, de facto, termos pessoas competentes, é preciso termos pessoas que estão nas funções não por cartão partidário, não por proximidade ideológica, mas porque são pessoas profissionalmente competentes. Isso é verdade para o INEM e é verdade para a administração pública no seu conjunto”, rematou.
O Ministério Público (MP) abriu sete inquéritos às mortes possivelmente relacionadas com falhas no socorro do INEM.
Além dos inquéritos abertos pelo MP, as falhas no socorro por parte INEM, designadamente atrasos no atendimento de chamadas, motivaram igualmente a abertura de um inquérito pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).
A demora na resposta às chamadas de emergência agravou-se durante a greve de uma semana às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), que no dia 04 de novembro coincidiu com a greve da função pública.
A greve dos TEPH acabou por ser suspensa após a assinatura de um protocolo negocial entre o Governo e o sindicato do setor.
Lusa