“Trata-se de um fenómeno de alguma complexidade, e constitui-se, de acordo com a Europol, como um dos pilares da criminalidade organizada mais lucrativa e que frequentemente serve de suporte a outras formas de criminalidade violenta e grave”, refere a PSP.
Nesse sentido, a PSP, principalmente desde 2019, com a criação da Unidade Nacional de Investigação de Criminalidade Automóvel (UNICA), estabeleceu a criminalidade automóvel como uma prioridade, com “o objetivo primordial de combater a criminalidade associada a este setor, nomeadamente no que diz respeito a burlas a seguros automóvel e às suas três tipologias criminais mais significativas”.
São elas “o furto de veículo motorizado, o roubo de veículo motorizado e o furto de componentes de veículo”, afirma, em comunicado.
Os dados hoje revelados revelam que em 2023, a PSP registou 4.421 furtos de veículo motorizado, 77 roubos de veículo motorizado e três furtos de máquinas industriais ou agrícolas, totalizando 4.501 ocorrências.
Estes números representam “uma diminuição de 9,9% relativamente ao ano de 2022 e de 27,4% quando comparados com 2019 (ano da criação da UNICA)”.
Quanto ao valor total dos furtos e roubos de veículos motorizados e de máquinas industriais ou agrícolas denunciados em 2023, que atingiu cerca de 28.701.200 euros, verifica-se também uma diminuição de cerca de 9% comparativamente a 2022 e de 53,6% relativamente a 2019.
Dos fenómenos criminais englobados na criminalidade automóvel, o furto de componentes de veículo é, segundo a PSP, aquele que regista mais ocorrências, seguindo-se o furto de veículo e, por fim, o roubo de veículo.
No âmbito destes dois últimos fenómenos criminais referidos, analisadas as categorias e classes dos veículos, a PSP observou que os veículos ligeiros de passageiros representam 71% do total de veículos furtados/roubados.
As viaturas furtadas e/ou roubadas, geralmente, têm “como principal destino o desmantelamento para aproveitamento de peças, sendo crescente o registo de identificação de peças e componentes de viaturas furtadas em veículos recuperados/apreendidos”.
“Esta é uma natureza de crime englobada no designado furto motivado pelo lucro, distinguindo-se do crime de furto de curto prazo ou furto de uso, onde a finalidade prevalente é a utilização temporária do veículo para determinadas finalidades, acabando por ser recuperado após esgotada essa necessidade de utilização”, salienta.
Relativamente ao crime de roubo de veículo, a PSP esclarece que “o aumento do número de ocorrências é residual, tendência da qual se excetua o ano de 2021, janela temporal em que se atingiu um pico de 108 roubos”.
No que respeita ao furto de componentes de veículo, este apresenta-se como “um fenómeno com elevada volatilidade, podendo variar muito rapidamente em objeto e em número. Se nas décadas de 1990 e 2000 se circunscrevia aos autorrádios e a jantes, atualmente está mais consubstanciado aos volantes multifunções e às consolas centrais de determinadas marcas e modelos”.
Segundo esta polícia, o modus operandi mais recorrente é a quebra do vidro triangular traseiro, para acesso ao interior do veículo.
Refere que o furto destes componentes, normalmente, é motivado pela necessidade de substituição de volantes que dispararam o sistema de airbag, dispositivo esse que não é isoladamente reparado ou substituído pelas marcas dos veículos. Por outro lado, verifica-se também uma grande procura de volantes mais desportivos, podendo o furto dos mesmos estar associado à intenção de valorização de outros veículos.
Por força das ações disruptivas levadas a cabo pela PSP, especialmente focadas para o combate ao furto de catalisadores, “o número de ocorrências de furto deste componente diminuiu consideravelmente, não apresentando relevância criminal nos registos de 2023”.
De acordo com os dados a que a Lusa teve acesso, em 2023, foram identificados 501 suspeitos (465 por furto de veículo e 36 por roubo de veículo) e detidos 132 suspeitos (118 por furto de veículo e 14 por roubo de veículo).
A detenção de suspeitos pelos crimes de furto e roubo de veículo representa um aumento de 1,7% relativamente ao ano de 2022 e de 20,3% comparativamente a 2020.
Lusa