Chamada "#40 dias sem plástico", a campanha vai decorrer no período da Quaresma (assinalado por alguns grupos cristãos antes da Páscoa) e é divulgada em Portugal pela associação de defesa do ambiente Quercus.
Trata-se de "um desafio ambiental europeu e diário que convida a desistirmos dos produtos descartáveis e a sensibilizar as populações para modos de vida mais amigos do ambiente", explica a Quercus em comunicado hoje divulgado.
Segundo a coordenadora da área dos resíduos da associação, Carmen Lima, "Portugal está em linha com os países que mais consomem este tipo de produtos, mas alguns deles, como a França e o Reino Unido, já [têm] legislação pronta para eliminar o [seu] uso" e reduzir o consumo de plásticos.
A associação espera que Portugal passe rapidamente a fazer parte deste grupo de países e avança que, estimativas citadas pelos ambientalistas referem ser consumida por ano nos restaurantes uma quantidade de palhinhas suficiente para dar a volta ao planeta cinco vezes.
Vários partidos apresentaram já propostas visando a proibição ou redução do uso de utensílios descartáreis nos restaurantes, diplomas que estão a ser analisados na Assembleia da República.
"A situação não é animadora", salienta a associação, já que o consumo de produtos descartáveis está a crescer e estudos recentes mostram que 259 milhões de copos de café, 10 mil milhões de beatas de cigarros, 40 milhões de embalagens de ‘take-away’, mil milhões de palhinhas de plástico e 721 milhões de garrafas descartáveis são consumidos em Portugal em cada ano.
Plásticos, como cotonetes, palhinhas ou sacos de plásticos descartáveis, vão parar aos oceanos e deterioram-se, dando origem a pequenas partículas que são ingeridas pelos animais e levam à sua morte.
Os microplásticos também são um ingrediente de muitos cosméticos e produtos de higiene pessoal, como exfoliantes para cabelo, corpo e rosto, pastas e cremes dentais, entrando na rede de esgotos, mas como são demasiado pequenos para serem completamente filtrados nos sistemas de tratamento vão para os rios e mares.
Estas partículas acabam por entrar na cadeia alimentar dos humanos, "podendo colocar a saúde em risco", alerta a Quercus.
A poluição do mar pelos plásticos é um problema global. Em 1990, a produção de plástico era metade da atual e daqui a alguns anos poderá existir no oceano mais plástico do que peixe, se nada for feito para evitar o elevado consumo deste material, conclui.
LUSA