“O percurso emblemático do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo é aquele que, tendo tido as consequências do incêndio na cordilheira central, não pode ficar aberto e tem uma sinalização a demonstrar isso aos turistas que nos visitam que deve ser respeitada, porque não oferece condições de segurança até ser verificado na íntegra”, disse a secretária regional da Agricultura, Pescas e Ambiente, Rafaela Fernandes, à agência Lusa.
Rafaela Fernandes adiantou que o percurso, um dos mais procurados na ilha, vai exigir “uma intervenção a meio do troço”, estando a ser criadas alternativas “para quem quiser usufruir das vistas e da natureza” naquele local, “que está comprometido”.
Segundo a governante, tem sido feito um trabalho de “recuperação e ativação dos percursos com base nas vistorias para apurar se está tudo em conformidade” após o incêndio e outros sítios conhecidos e também muito procurados, nomeadamente os percursos do Caldeirão Verde e do Rabaçal, estão disponíveis neste momento para visitas.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, na freguesia da Serra de Água, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.
Na terça-feira, ao fim de 13 dias, a proteção civil regional indicou que o fogo estava “totalmente extinto”.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida.
Em termos ambientais, a responsável salientou que já começaram os trabalhos para limpeza dos terrenos afetados pelo fogo para posterior reflorestação.
“O trabalho de movimentações já está no terreno, consoante os pedidos que os agricultores nos têm colocado, e também a substituição das tubarias e limpeza de levadas para garantir a água de rega”, acrescentou.
Relativamente à área vegetal que está em gestão pública, Rafaela Fernandes aludiu ao que aconteceu na Boca da Corrida, no concelho de Câmara de Lobos, um dos municípios afetados pelo incêndio, onde numa área foi “tecnicamente apurado que havia condições para aproveitar as árvores que já existiam”, já que apenas “queimaram as pontas”.
Como havia água disponível, continuou, “o município considerou ser possível avançar com a reflorestação” do espaço, ação que decorreu em colaboração com os serviços da Secretaria Regional.
Rafaela Fernandes destacou, por outro lado, o trabalho desenvolvido pelas Florestas da Madeira ao longo dos anos, “nomeadamente ao nível dos viveiros florestais que precisamente têm como função garantir a continuação de muitas das espécies que são únicas na Região Autónoma da Madeira e que vai ser muito importante na recuperação da área”.
A responsável recordou que em outras situações semelhantes, caso dos incêndios de outubro e novembro de 2023, “os viveiros florestais abriram portas para ceder gratuitamente às entidades públicas e privadas plantas que têm sido trabalhadas”.
Agora, apontou, também “vão estar disponíveis para as pessoas poderem utilizar neste repovoamento das áreas que foram ardidas e com a preocupação de garantir sempre a salvaguarda destas espécies próprias da Madeira”.
No caso da agricultura, a governante destacou que a região tem um banco de plantas e disponibiliza ajudas técnicas.
“Para a movimentação de terras, estas têm de receber matéria orgânica para poderem tornar-se aptas à produção e só nas primeiras chuvas, estamos a falar num tempo entre mês de setembro outubro, conforme forem as primeiras chuvas, é que vão estar aptas a receber as novas plantações”, explicou, reforçado que há “uma articulação muito importante com as câmaras e juntas de freguesia” para se garantir “uma intervenção que é determinada por matéria técnica”.
Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.
O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.
Lusa