A suspensão da reunião foi anunciada pelo diretor de comunicação do Ministério de Relações Exteriores da República Dominicana, Hugo Bera, em conferência de imprensa.
"Estava convocado o processo, o reinício da mesa de negociações. Temos estado prontos, aqui na República Dominicana, esperando a confirmação das partes, tanto da parte do Governo como da parte do setor da oposição, mas até ao momento, não temos confirmação", disse.
Segundo Hugo Bera, o Governo da República Dominicana está "esperando para poder dar informações precisas sobre quando serão retomadas as negociações".
Entretanto, na Venezuela, o ex-primeiro-ministro espanhol José Luís Rodríguez Zapatero chegou ao palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, onde manteve uma reunião com Nicolás Maduro e a primeira dama da República, Cília Flores.
Na reunião, participaram ainda o chefe da delegação governamental nas negociações, Jorge Rodríguez, e a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez.
Antes da reunião, Jorge Rodríguez anunciou que o Governo estava pronto para assinar um "acordo de paz" com a oposição.
O Governo venezuelano e a oposição previam retomar hoje as negociações que desde setembro de 2017 decorrem na República Dominicana.
Na semana passada, após quatro dias de negociações, o Governo venezuelano anunciou que tinha assinado um pré-acordo com a oposição, situação que é desmentida pelo porta-voz opositor, Júlio Borges.
O Governo venezuelano espera chegar a um acordo que permita acabar com a alegada "guerra económica no país" e leve à suspensão das sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia a altos funcionários de Caracas.
O regime espera ainda debater a soberania venezuelana e a alegada ingerência estrangeira em assuntos políticos e económicos venezuelanos.
Em cima da mesa, vai estar também a criação de uma comissão de Justiça e Verdade sobre a violência no país.
Esta comissão seria convocada pela Assembleia Constituinte, que a oposição considera ilegal.
O Governo pretende ainda que a Assembleia Nacional (parlamento, onde a oposição detém a maioria), aceite várias sentenças do Supremo Tribunal de Justiça, enquanto a oposição insiste que a assembleia foi legitimamente eleita e deve ser reconhecida como tal pelo regime.
Por outro lado, a oposição insiste em conseguir garantias para a apresentação de candidatos às próximas eleições presidenciais, que, segundo a Assembleia Constituinte, foram antecipadas e deverão ter lugar até 30 de abril de 2018.
A oposição espera ainda obter um acordo que permita libertar os presos políticos venezuelanos e que o Governo aceda à abertura de um canal humanitário para a entrada de alimentos e medicamentos no país.
Entretanto, dois dos países que acompanhavam as negociações, o México e o Chile, anunciaram que deixariam de participar no processo, após a convocação de eleições presidenciais antecipadas.
LUSA