Os confrontos entre os apoiantes da Liga Awami, da antiga primeira-ministra Seij Hasina, e as forças de segurança com os movimentos estudantis e da oposição provocaram pelo menos 93 mortos em cerca de 20 distritos nas últimas horas, segundo o jornal “The Daily Star”.
Na véspera foram registados grandes atos de violência em cidades como Daca, a capital do país, depois de apoiantes da Liga Awami terem saído à rua para entrarem em confronto com manifestantes antigovernamentais.
Em Daca, pelo menos 12 pessoas foram mortas, enquanto no distrito de Sirajganj foram registados 18 mortos, incluindo 13 polícias.
Nas últimas horas, os ataques visaram também as propriedades dos políticos no poder, como um hotel de luxo do secretário-geral da Liga Awami, Shahin Chakladar, em Jashore, que causou a morte de cerca de 20 pessoas.
O número de mortos poderá aumentar devido ao elevado número de feridos graves e à possibilidade de confrontos com os apoiantes de Hasina durante a nova marcha convocada pelos movimentos estudantis.
Hasina está na Índia desde segunda-feira após a sua demissão, tendo, na primeira reação do Governo indiano sobre a situação, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar, informado que a antiga governante solicitou “com muito pouca antecedência” autorização para entrar no país, sem indicar quanto tempo iria permanecer.
Segundo Jaishankar, Hasina aterrou em Nova Deli na segunda-feira, pouco depois de se ter reunido com representantes das forças de segurança em Daca, após o que decidiu apresentar a sua demissão.
O chefe da diplomacia indiana acrescentou que o governo de Narendra Modi está a acompanhar com preocupação a situação dos milhares de indianos que vivem no Bangladesh, incluindo cerca de 9.000 estudantes, embora “a grande maioria” tenha conseguido regressar à Índia.
O ministro informou ainda que a segurança foi reforçada na fronteira “tendo em conta esta situação complexa”, que se iniciou com os protestos contra o sistema de quotas que reserva 30% dos empregos públicos aos filhos de veteranos de guerra.
Muhammad Yunus, Prémio Nobel da Paz, afirmou estar pronto para substituir a primeira-ministra, enquanto líder de um governo provisório, numa declaração escrita à agência noticiosa France-Presse (AFP).
“Estou comovido com a confiança dos manifestantes que me querem à frente do governo provisório. Sempre mantive a política à distância (…) Mas hoje, se for necessário agir no Bangladesh, pelo meu país e pela coragem do meu povo, então fá-lo-ei”, prosseguiu o laureado, apelando à organização de “eleições livres”.
Na rede social X (antigo Twitter), o embaixador da União Europeia no Bangladesh, Charles Whiteley, afirmou que os chefes de missão europeus “estão muito preocupados com os relatos de múltiplos ataques contra locais de culto e membros de minorias religiosas, étnicas e outras no Bangladesh”.
Lusa