O novo mecanismo cambial que hoje entrou em vigor, foi publicado pelo Banco Central da Venezuela (BCV), através da Gazeta Oficial (equivalente ao Diário da República português) que estabelece que a Cotação Flutuante de Divisas (Dicom) "será aplicada a todas as operações de liquidação de moeda estrangeira, do setor público e privado".
Na Venezuela vigora, desde 2003, um férreo sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção local de moeda estrangeira e obriga os empresários a acudirem às autoridades para obterem autorização para acederem a divisas para as importações.
A Taxa de Câmbio Protegida (Dipro) estava em vigor há dois anos e tinha uma taxa de 10 bolívares (Bs) por cada dólar norte-americano (12,40 Bs por cada euro), sendo usada principalmente para as importações públicas de alimentos e medicamentos.
Com a eliminação da Dipro, as importações, segundo a Gazeta Oficial, passaram à realizar-se à taxa de câmbio Dicom, que atualmente está a 3.345 bolívares por cada dólar norte-americano (4.147, 80 Bs por cada euro).
Na Venezuela, além das taxas oficiais de câmbio, existe um mercado negro ou paralelo, onde, no dia de hoje um dólar tinha a cotação de 250.000 bolívares e o euro de 310.000 bolívares. A taxa paralela de câmbio é muitas vezes usada pelos empresários para calcular o preço de muitos produtos, devido a dificuldades para aceder a divisas, usando os mecanismos oficiais.
Com frequência, os venezuelanos queixam-se de dificuldades para aceder a produtos básicos, no mercado local e também para comprar bens alimentares, devido aos altos preços dos mesmos e aos baixos salários, que contrastam com uma inflação de mais de 2.000% acumulada nos últimos 12 meses.
Na Venezuela, o salário mínimo dos venezuelanos, com os subsídios incluídos, é de Bs 797.510 (192,27 euros à taxa de câmbio oficial) e 2,57 euros ao câmbio paralelo.
Para tomar um café os venezuelanos deve pagar 50 bs (12,05 euros). Meio quilograma de massa custa 95 mil bolívares (22,90 euros), 500 gramas de feijão preto Bs 90 mil (21,69 euros) e quilograma de queijo amarelo 800 mil bolívares (192,87 euros, um salário mínimo).
LUSA