A informação foi transmitida por André Ventura aos jornalistas, numa declaração na Assembleia da República.
“Sexta-feira teremos uma primeira reunião em que o Chega levará ao Governo as suas principais prioridades em matéria orçamental”, disse.
O líder do Chega insistiu que o Governo PSD/CDS-PP “tem de escolher” com que partido vai negociar, sustentou que o orçamento pode ser aprovado com o voto favorável do Chega ou com a abstenção do PS e que “estes caminhos são, em si mesmo, opostos”, e alertou o Governo que “deve decidir rapidamente” com “quem e de que forma quer fazer as negociações do Orçamento do Estado”.
“É impossível ter um orçamento que agrade ao Chega e ao PS”, defendeu, acrescentando: “Ou o Governo opta por ir ao encontro das satisfações do PS, e isto significa impostos elevados, subsídios elevados, mais despesa e a contração da economia, em troca de uma subsidiação dessa economia” ou “um modelo mais próximo do Chega” com “menos impostos, um investimento público específico e selecionado e a promoção do crescimento económico, aliviando as famílias e as empresas da carga fiscal brutal”.
André Ventura disse ter tido conhecimento hoje do convite do Governo para uma “primeira ronda de negociações”, que deverá acontecer na sexta-feira à tarde, e que foi informado de que Luís Montenegro estará presente nesta primeira reunião.
Do lado do Chega, marcará presença o presidente do partido, o secretário-geral e alguns deputados.
“O Governo deu sinais aos partidos de que estava realmente interessado em ouvir e construir a base da política orçamental dos próximos anos e é nesse sentido que o Chega aceitou participar nesta ronda de negociações”, disse.
Ventura adiantou ainda que o partido decidiu criar uma “equipa especial” para as negociações do Orçamento do Estado, que incluirá membros da Direção Nacional do partido, como o presidente e o secretário-geral, e deputados das comissões de Economia e Orçamento e Finanças.
O líder do Chega indicou que o partido “participará nestas negociações do Orçamento do Estado com sentido de responsabilidade” e que vai levar para a mesa das negociações “muitas das [suas] bandeiras”.
“O Governo não pode nem deve trazer à Assembleia da República documentos fechados, documentos impostos, sem qualquer negociação”, defendeu Ventura, avisando que “um partido não pode votar a favor de um orçamento se não for nele incluído e se não for nele chamado a construir essa política orçamental e essa política alternativa”.
O líder do Chega disse que o partido só votará a favor “se o orçamento for um produto de uma negociação” e afirmou que se o Governo optar por negociar com o PS, “se as promessas eleitorais continuarem a ser olhadas de lado, como aconteceu com as portagens, como aconteceu com o IRS, o Chega desvincula-se e desresponsabiliza-se completamente do resultado que possa vir a ter a negociação” orçamental.
O gabinete do primeiro-ministro anunciou, minutos depois da declaração de André Ventura, que Luís Montenegro vai receber na residência oficial todos os partidos políticos com assento parlamentar, sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano.
Lusa