“O secretário-geral está muito preocupado pelos acontecimentos ocorridos (na quarta-feira) em La Paz, Bolívia, e com as informações sobre uma tentativa de golpe de Estado”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres.
“O secretário-geral apela a todos os intervenientes da sociedade boliviana, incluindo as Forças Armadas, para protegerem a ordem constitucional e que se preserve um clima de paz na Bolívia”, acrescentou.
Na quarta-feira, o general boliviano Juan José Zúñiga comandou unidades do Exército que tomaram posições na Praça Murillo, em La Paz, centro do poder político do país, anunciando que pretendia nomear um novo governo e libertar “os presos políticos”.
Carros de combate e soldados fortemente armados mantiveram a presença na praça, mas acabaram por se render.
Pelo menos nove pessoas ficaram feridas durante a intentona militar.
O oficial que liderou a tentativa de golpe foi detido pouco depois frente ao edifício do governo, após a intervenção direta do chefe de Estado, Luis Arce.
O Presidente da Bolívia agradeceu o apoio da população que se deslocou para a zona central da capital para “fazer frente à tentativa de golpe de Estado”.
Além do general Zúñiga, foi detido o ex-contra-almirante Juan Arnez Salvador, acusado do “delito de terrorismo e de levantamento armado contra a soberania do Estado”.
A Procuradoria boliviana já anunciou a abertura de uma investigação contra Zúñiga e os militares que participaram na intentona.
Após ter sido detido, o general Zúñiga declarou que Luis Arce lhe tinha pedido para retirar “os veículos blindados” no sentido de “aumentar” a popularidade do próprio chefe de Estado.
Entretanto, apoiantes do antigo Presidente Evo Morales acusaram frontalmente o Presidente Luis Arce de realizar um “auto golpe de Estado” para reforçar a popularidade, numa altura em que o país enfrenta uma crise económica.
César Dockweiler, dirigente do Movimento para o Socialismo, partido político liderado por Evo Morales, referiu-se a um “auto golpe” com o objetivo de fortalecer Luis Arce.
A deputada Luisa Nayar descreveu a operação militar como um “espetáculo político, montado pelos irresponsáveis, incapazes e corruptos, inquilinos” da Presidência da Bolívia, que acusou de usarem “um general maluco” (Zúñiga).
Pelo contrário, o ministro do Interior da Bolívia, Eduardo del Castillo, afirmou que Zuñiga pretendia “assumir o comando” do país, numa operação militar.
O ministro garantiu que o Governo vai levar a cabo “todos os esforços” para que Zuñiga e Arnez “sejam condenados por sublevação armada, ataque ao Presidente e destruição de propriedade pública e privada”.
Mais tarde, o ministro da Justiça, Ivan Lima, negou, através das redes sociais, as acusações de auto golpe acrescentando que o general Zúñiga mentiu, acusando o alegado envolvimento do Presidente, para tentar justificar a intentona.
Lusa