A medida foi anunciada à agência Lusa pelo vereador responsável pelo pelouro das Águas e Saneamento Básico, Miguel Silva Gouveia, que referiu estar também a ser planeada a instalação de redutores de pressão nos fontanários do concelho.
Estas iniciativas vão permitir "controlar os gastos de água no espaço público, pelos serviços e para fins municipais, e, desta forma, continuar a aumentar os índices de poupança de água", destacou.
O autarca salientou que esta é uma ação incluída no plano do município a curto prazo para a poupança de água, que vai permitir também "identificar algumas utilizações abusivas fora do previsto", estando também previstas várias medidas a longo prazo.
A Câmara do Funchal (liderada por uma coligação PS, BE, JPP, PDR e Nós, Cidadãos!) investiu no segundo semestre deste ano 250 mil euros para reparar derrames de água no concelho, nomeadamente com duas intervenções específicas em bairros, depois de serem constatados problemas crónicos de perdas de água que ascendiam a muitos milhares de euros.
Miguel Silva Gouveia explicou que o relevo do concelho — com clientes desde a cota dos quase 700 metros até à baixa da cidade – provoca oscilações na pressão da água distribuída que causam ruturas.
"O Funchal, historicamente, tem perdas muito elevadas", mencionou o responsável, apontando que no ano 2000 eram na ordem dos 65%, tendo vindo a ser reduzidas "paulatinamente para os 60%" – "são perdas comerciais, de roubos e técnicas devido a ruturas".
Registam-se também problemas com uma contagem defeituosa dos contadores, que têm mais de 40 anos. Foram já substituídos mais de 3.000, num universo de 65 mil utilizadores.
O vereador rebateu as acusações de que o concelho do Funchal é responsável por 50% das perdas de água na Madeira, recordando que é neste município que reside quase metade da população da ilha, à qual se juntam os visitantes que ficam nas unidades hoteleiras.
A Câmara do Funchal rejeita integrar a empresa pública Águas e Resíduos da Madeira, que gere este setor em cinco municípios (Santa Cruz, Machico, Santana, Porto Santo e Calheta), por considerar que há "uma quase lenta asfixia no municipalismo no sentido de agregar todos os sistemas de água da região".
O autarca opinou que o "objetivo é claro: é empurrar o Funchal para o sistema regional de águas", o que o município recusa alegando que a empresa "tem vindo a aumentar preços".
Neste momento, "decorrem dois processos em tribunal" que visam desobrigar a câmara deste medida e "tentar travar um aumento que já vai em 21% desde 2014", indicou, argumentando ser "incompreensível que um bem essencial como água tenha este aumento".
O vereador mencionou ainda, entre outros programas em curso nesta área, que o Funchal apresentou uma candidatura para financiar um projeto de substituição de condutas de fibrocimento que abrange mais de 10 quilómetros de extensão.
Miguel Silva Gouveia observou que o município do Funchal e a ARM "acabam por competir pelos mesmos fundos comunitários" para fazerem investimentos e resolver problemas relacionados com a distribuição em baixa da água.
LUSA