Numa conferência de imprensa realizada hoje no ayuntamiento de Cartaya, o alcaide Manuel Barroso recriminou a atitude de Sérgio Conceição e do filho Moisés, quando entraram no relvado do estádio local após um encontro entre equipas infantis do FC Porto e Sevilha, realizado na localidade espanhola em 24 de março, increpando e tocando na cara do juiz da partida.
Após o anúncio do autarca espanhol, o advogado de Sérgio Conceição disse à Lusa estar “claro que o Sr. Manuel Barroso entrou numa espiral de mentiras na qual se afunda cada vez mais” e considerou que “as agressões contra Moisés Conceição, as graves e falsas acusações contra o Sérgio Conceição, não podem passar impunes”, pelo que “serão continuadas todas diligências judiciais já em curso“ interpostas pelo treinador contra o representante municipal espanhol.
“O facto de ser um eleito, com dever de moderação e respeitabilidade, só agravam o seu caso”, afirmou o advogado do treinador principal do FC Porto, classificando as declarações do alcalde como “cada vez mais contraditórias e falaciosas” e demonstrativas da “prática de [crimes de] atentado contra a honra e consideração de Sérgio e sua família”.
Na conferência de imprensa, Manuel Barroso classificou a atitude de Sérgio Conceição e do filho de “agressiva” e disse que a situação escalou já dentro do túnel de acesso aos balneários, onde foi necessária a intervenção e um reforço policial para apaziguar os ânimos, embora admitindo não possuir imagens do que se passou dentro do túnel.
“Em nenhum momento – desde o início das imagens que foram divulgadas pelos meios de comunicação – este alcaide sabia que era Sérgio Conceição e o seu filho, e o único que fiz foi aproximar-me dele, chamar-lhe a atenção, porque estava claro que ia com a intenção de agredir ao árbitro”, relatou.
Manuel Barroso disse ter convidado Moisés Conceição a sair e, quando tocou no seu braço, o filho do técnico respondeu com agressividade, com insultos , e a situação começou a escalar, com o alcaide a dizer que ambos tinham de abandonar o campo e não deviam estar ali.
O autarca espanhol contou que, do outro lado, houve sempre “uma atitude agressiva” e, depois de Conceição tocar na cara ao árbitro, tentou retirar Sérgio Conceição e o filho do campo para evitar que as agressões pudessem ir a mais, tendo a ação passado para o túnel, onde “aconteceu algo que não deveria ter acontecido” e foram cometidos vários delitos, considerou.
“Por isso, tomámos a decisão de denunciar tanto Sérgio como o seu filho”, anunciou, elencando que a denúncia imputa ao treinador português e ao descendente presumíveis delitos de lesões, atentado contra a autoridade, ameaças e alteração da ordem pública, além de a polícia espanhola estar a tramitar “um expediente administrativo por alteração da ordem pública” e ter sido comunicado a ocorrência “ao organismo correspondente para aplicação da lei de desporto da Andaluzia”.
Manuel Barroso gostava que a situação não tivesse chegado onde chegou e lamentou que, até hoje, nem Sérgio Conceição, nem o filho tenham pedido desculpa, e que uma instituição como o FC Porto tenha saído em defesa do técnico sem ter contactado antes o autarca ou a polícia espanhola para “ouvir a outra versão”.
O alcaide de Cartaya, que assegurou não ter sido agressivo “em nenhum momento”, disse ainda que Sérgio Conceição poderia ter sido detido, mas frisou que o objetivo principal das autoridades durante o altercado foi acabar com a situação, que já envolvera elementos da comitiva portista e outros espetadores que estavam no local.
Lusa