"Estive em Banesco e o dinheiro não chegou para toda a gente. Primeiro estavam a dar 30 mil bolívares semanais (Bs – 2,65 euros à taxa oficial mais alta) e passaram para 10 mil Bs (0,88 euros) e hoje acabaram", disse uma cliente à agência Lusa.
Auristela Monzalvez explicou que esteve duas horas a fazer fila no banco para conseguir "algum dinheiro" porque quinta-feira (já hoje em Portugal) é feriado na Venezuela e pensa "sair, dar uma volta" e "os autocarros pagam-se com notas e o camião que traz fruta e vegetais também".
"Parece que o país está a cair aos pedaços, há dificuldades para tudo. Pouco a pouco, estão-nos a obrigar a habituar-nos a viver em condições degradantes. Isto, de fazer fila nos bancos para ‘pedir’ um pouco do dinheiro que temos na conta é humilhante, assim como é ter que andar de local em local fazer filas para conseguir alguns produtos e medicamentos", disse.
Doméstica e com "dois filhos já crescidos, a trabalhar, Auristela disse que "a crise e a política" a confundem, já que "o passado, que era mau, foi muito melhor do que o presente, e o futuro ninguém sabe como será, mas não inspira otimismo".
A agência Lusa constatou que em várias urbanizações do município Libertador (o maior de Caracas) havia um inusitado movimento de clientes e longas filas nas caixas automáticas (ATM), apesar de as pessoas se queixarem de não haver dinheiro.
Fonte do Banco Plaza, propriedade de portugueses, explicou à Lusa que aquela instituição bancária foi forçada a reduzir de 150 mil para 100 mil Bs (de 13,26 para 8,84 euros) a quantia que os clientes podiam levantar ao balcão, ao longo da semana.
As "remessas" (envio de dinheiro) que envia o Banco Central estão atrasadas e estamos a ficar sem dinheiro. O ideal é que as pessoas tentem usar ao máximo os cartões de pagamento eletrónicos", disse.
Na sucursal do Banco Plaza em Sabana Grande, pouco antes do encerramento (pelas 15:30 horas locais) haviam cerca de 80 pessoas à espera para levantar dinheiro no balcão, divididas em três grupos: idosos, clientes do banco e trabalhadores de empresas de construção civil que receberiam o ordenado.
LUSA