A mostra foi apresentada na segunda-feira a dezenas de pessoas na sede da ONU, em Nova Iorque, pela embaixadora de Portugal junto à organização, Ana Paula Zacarias, e pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, que disse à Lusa que se trata de “uma data importante, num momento em que as crises e os conflitos se adensam no mundo”.
“Nestes 65 anos, participámos numa grande variedade de missões, sendo que Portugal se tornou um país em que as suas Forças Armadas se tornaram expedicionárias a partir de meados dos anos 1990. Essa foi uma das mais importantes transformações na natureza das missões militares”, recordou a ministra.
“Nunca deixando de estar presente em missões das Nações Unidas, passámos a estar também presentes em missões da NATO, missões da União Europeia. Participámos em todas as missões da União Europeia em África, por exemplo, sempre com uma perspetiva de segurança a 360 graus, que é o que caracteriza a nossa intervenção militar externa, que é um pilar importante da política externa portuguesa, mas é também uma dimensão fundamental da experiência e do trabalho dos nossos militares, além de tudo que vão fazendo internamente”, acrescentou.
A exposição percorre, entre imagens e textos explicativos, a participação de Portugal no universo das Nações Unidas do ponto de vista da manutenção da paz, desde o Grupo de Observação das Nações Unidas no Líbano (UNOGIL), em 1958, passando pela Missão de Estabilização Multidimensional Integrada das Nações Unidas na República Centro-Africana, a qual Portugal passou a integrar a partir de 2017.
“Do Líbano a Timor-Leste, da Bósnia a Angola e Moçambique, da Colômbia à República Centro-Africana, as forças de manutenção da paz portuguesas têm sido fundamentais para a prossecução e consolidação da paz, no estrito respeito pelos valores e objetivos da Carta das Nações Unidas”, pode ler-se na exposição.
Desde a adesão à ONU, Portugal disponibilizou 20.126 militares e elementos das forças de segurança, segundo dados do Ministério da Defesa.
“É, de facto, uma participação muito relevante desde o ponto de vista quantitativo, mas sobretudo da mais-valia que trazemos, penso eu, à manutenção de paz e às próprias Nações Unidas, pela forma como temos estado nestas missões: com grande sentido de envolvimento, de participação e com grande qualificação, participando no sucesso destas missões”, defendeu Helena Carreiras, em declarações à Lusa na sede da ONU.
Além da ministra e da embaixadora junto à ONU, esteve também na inauguração o general José Nunes da Fonseca, chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
A inauguração da exposição acontece num momento em que Portugal tem em curso uma campanha para membro não-permanente no Conselho de Segurança da ONU.
A eleição em causa para o Conselho de Segurança – um dos órgão mais importantes das Nações Unidas, cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional – acontece em 2026, para o biénio 2027/2028.
Portugal tem como adversários diretos a Alemanha e a Áustria, numa disputa pelos dois lugares de membros não-permanentes atribuídos ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.
De acordo com Helena Carreiras, esta exposição é um “elemento importante para dar a conhecer o papel de Portugal e aquilo que tem feito em prol da segurança e da estabilidade internacionais”.
“O conhecimento do nosso trabalho será um elemento importante também dessa campanha para sermos membros não-permanentes no Conselho de Segurança”, sustentou a responsável pela pasta da Defesa.
A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições para o mandato realizam-se durante a 81.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em 2026, ano em que António Guterres termina o segundo mandato de cinco anos como secretário-geral da ONU.
Portugal já foi membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU por três vezes: em 1979-1980, 1997-1998 e 2011-2012.
Lusa