“A censura ataca de novo El Carabobeño. Saiba como vencê-la. Não estamos em baixo, estamos bloqueados”, escreveu, na terça-feira, na página na internet, a direção do jornal, fundado em 1933 e considerado crítico do regime do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Impedido de circular em versão impressa desde 2016, devido a obstáculos impostos pelo Governo venezuelano para a obtenção de papel, o El Carabobeño explicou que “um bloqueio imposto ao portal pelos operadores Cantv [estatal], Movistar, Digitel, Inter e Net Uno, impede que os seguidores sejam informados das notícias mais relevantes oferecidas todos os dias através do site”.
A direção do jornal afirmou que “esta nova agressão governamental teve início em 08 de novembro, na sequência da publicação, em 6 de novembro, de um artigo da agência de notícias EFE” sobre o diferendo territorial entre a Venezuela e a vizinha Guiana sobre Essequibo.
Na sequência da publicação do artigo “Guiana confia que o Tribunal Internacional de Justiça ponha fim à tirania da Venezuela sobre Essequibo”, “um deputado que se diz jornalista e participou no programa ‘Zurda Konducta’ [transmitido pela televisão estatal] lançou um ataque ao portal, apesar de o mesmo artigo ter sido publicado por seis outros meios de comunicação social”, adiantou o El Carabobeño.
“O ataque deste funcionário foi imediato e dois dias depois começaram os problemas de conectividade para aceder ao El Carabobeño. Hoje estamos bloqueados”, sublinhou.
Em 24 de novembro, a organização não governamental VE sem filtro denunciou, pela primeira vez, que a página web do diário tinha sido bloqueada por várias operadoras locais de Internet.
Na página, o El Carabobeño recomendou duas redes privadas virtuais (VPN) para contornar o bloqueio, indicando serem fáceis de instalar, efetivas no combate à censura e ambas oferecem privacidade e anonimato na navegação, iludem as restrições geográficas e dificultam o rastreio das atividades em linha, inclusive nas ligações através de redes públicas.
“Mas um benefício importante, em sistemas governamentais como o da Venezuela, onde a denúncia de irregularidades e o jornalismo são criminalizados, é que ajudam a evitar a censura e as restrições, e protegem contra a vigilância governamental e outras formas de monitorização em linha. Desta forma, poderemos combater a intolerância em relação às denúncias e à publicação de informações incómodas a nível nacional e regional que conduziram a estes ataques”, declarou a direção do jornal.
Esta não é a primeira vez que o portal online do jornal é atacado, com a direção a precisar que a versão impressa circulou pela última vez em 17 de março de 2016, com o título “Golpe à liberdade”, depois de 82 anos de presença contínua no centro do país.
Entre 2013 e 2016, a Corporação Maneiro, criada para monopolizar a comercialização de papel para jornal no país, foi responsável pelo encerramento de 14 meios de comunicação, com 46 a registarem dificuldades para comprar papel.
“Em 90 anos de história, El Carabobeño ultrapassou inúmeras dificuldades. Esta é mais uma, para um jornal que nasceu durante a ditadura de Juan Vicente Gómez e tem demonstrado que cresce perante as dificuldades”, concluiu.
Lusa