Em Portugal, é sabido que a ementa de Natal ficaria incompleta sem o bacalhau, o peru e uma parafernália de doces que incluem as filhós e as rabanadas. Também se costuma comer, em algumas partes do país, polvo, cabrito, borrego ou cordeiro.
Lá fora, no entanto, as ementas variam muito, mesmo muito, conforme as tradições de cada país e os gostos gastronómicos dos diferentes povos.
Nos Estados Unidos, o prato natalício varia conforme o estado, mas, de uma forma geral, mas mesas têm sempre peru, costeleta e puré de batata, tudo acompanhado pelos respetivos molhos e recheios, até milho e vegetais assados. De sobremesa, é habitual a tarte e as bolachas de gengibre.
No sudeste do país, graças à influência mexicana, os tamales tornaram-se também típicos dos dias de Natal no Texas, bem como as empanadas e os biscochitos, bolachas de manteiga com canela e anis, muito populares no Novo México.
Mas as diferenças são tais que, por exemplo, no Japão, onde em 2022 havia apenas 1,9 milhões de cristãos, tornou-se tradição recorrer à cadeia de ‘fastfood’ norte-americana Kentucky Fried Chicken (KFC) para colocar sobre a mesa nestes dias de Natal.
Sim, é verdade, todos os anos os japoneses dirigem-se em massa aos restaurantes de frango frito desta cadeia para celebrar o Natal, mesmo que não sejam cristãos. A tradição nasceu na década de 1970, quando abriu o primeiro restaurante KFC no Japão. Na altura, mais propriamente em 1974, a cadeia lançou a campanha ‘KFC é Natal’, para tentar aumentar as vendas nessa altura festiva, após, alegadamente, um cidadão norte-americano ter-se dirigido ao restaurante no dia de Natal, porque o frango frito era o mais perto que conseguia do típico peru que se come por esta altura.
De volta à Europa, o arenque, por exemplo, é um peixe fulcral no Natal para a Dinamarca, onde é comido fumado, frito ou até em conserva. É neste último formato, aliás, que se costuma comer mais nesta altura, temperado com canela, cravo e sândalo.
Os dinamarqueses também comem, por outro lado, carne de porco, pato ou ganso, principalmente ao forno, com legumes em conserva e fermentados como acompanhamento.
Na Alemanha, por outro lado, as tradições são variadas dependendo da região, mas o ganso, peru ou pato assados são centrais, tradicionalmente servidos com bolinhos de pão a acompanhar. Também há quem coma salsichas acompanhadas por salada de batata, ou então algum tipo de peixe, como carpa, salmão ou pescada, acompanhado de batata frita, ‘kartoffelpuffer’, um estilo de panqueca de batata e/ou chucrute.
Um pouco mais a norte, no Reino Unido, o peru e o frango são também os reis da época, mas não por isso é a única presença esperada nas mesas de Natal. Os britânicos deleitam-se, nesta altura do ano, com o chamado pudim de Yorkshire, um pudim feito de ovos, farinha e leite ou água, que vai ao forno, e que serve como acompanhamento para variadíssimos pratos.
Destaca-se, ainda, o ‘almoço do lavrador britânico’, que consiste num prato de carnes frias, queijos, pão e chutney, entre outros alimentos.
Em Goa, na Índia, por outro lado, ainda se vive na atualidade alguma influência da presença que Portugal marcou no território ao longo de vários séculos. Num país maioritariamente hindu, as comunidades cristãs em Goa comem, tradicionalmente, um prato chamado ‘sorpotel’ no Natal, um ensopado picante que consiste em carne de porco, incluindo o fígado e o coração, cozida lentamente e temperada com canela, cominho e pimenta.
Já na Venezuela, as tradições na altura do Natal, em termos de comida, variam, podendo estar sobre a mesa uma hallaca – salada de galinha – ou, então, o denominado ‘prato natalício’, que contém um pouco de tudo. Nele, costumam estar a tal hallaca, um guisado de carne que se serve coberto por uma massa de milho, envolta, por sua vez, em folhas de bananeira, acompanhado de uma fatia de ‘pan de jamón’ (pão de fiambre), um pão recheado com fiambre, passas e azeitonas.
Também se poderá encontrar neste prato uma porção de salada de galinha, feita com galinha, batata, cenoura, ervilhas, cebola e maionese, e pernil.
Finalmente, no Brasil, para além do bacalhau e do peru, resquícios da influência portuguesa no país sul-americano, a ceia de Natal costuma ser composta, também por arroz nas suas mais variadas formas, farofa, salpicão – entenda-se, uma salada com frango frio, maionese e vários outros elementos – e cuscuz, entre muitos outros alimentos típicos desta altura.
Por influência dos imigrantes italianos, também o Panetone, um enorme bolo recheado com passas ou com chocolate, típico de algumas regiões italianas, tornou-se parte do Natal no Brasil.
O texto é dos nossos colegas Noticias ao Minuto.