Na sua mensagem de Natal, hoje divulgada, José Ornelas alerta para a “corrupção e a manipulação de informação e de poder, levando ao descrédito das instituições públicas”, fazendo com que seja “muito fácil cair na resignação e na apatia individualista, bem como no radicalismo da violência armada ou do desvario manipulador e populista de ocasião”.
Esta situação leva, segundo o prelado, ao abstencionismo, pelo que apela: “Se nós estamos num processo de discernimento político a nível nacional, precisamos muito da participação de todos, da participação lúcida, e também do direito das pessoas serem corretamente informadas pelos programas [partidários] e propostas de futuro, para que se possa escolher”.
Para José Ornelas, é imperioso que os cristãos votem nas próximas eleições legislativas.
“Acho que o povo português tem manifestado maturidade muito grande também em termos eleitorais. O que mais me preocupa é a abstenção. E tenho repetido muitas vezes: um cristão não se abstém. Pode cometer erros, mas abster-se é que não. A abstenção é deixar que outros pensem por nós”, disse o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
“Não tenho um país ideal, mas tenho um país de que gosto e cujo futuro me preocupa. E é por isso mesmo que estou lá [nas urnas, no dia das eleições], na medida em que tenho de participar. Nem que fosse pôr meu voto em branco, mas eu ia lá. Ia dizer, eu estive aqui e não encontrei espaço. Mas venho cá para dizer que estou cá. E isto é muito importante”, acrescentou.
Na conferência de imprensa de apresentação da sua mensagem de Natal, o bispo de Leiria-Fátima comentou, também, a decisão anunciada na segunda-feira pelo Vaticano, de autorizar a bênção de casais de pessoas do mesmo sexo, mantendo a oposição ao casamento.
Para José Ornelas, o que foi dito “não foi nada de novo”, pois a “missão da Igreja é, precisamente, abençoar”.
O próprio Jesus “veio a mundo para salvar e não condenar”, disse o bispo, acrescentando que “oferecer a bênção de Deus é para todos” e que “ninguém pode ser discriminado”.
Lembrou, também, que o Vaticano explicitou que a bênção não é um casamento e deu a orientação de que os padres “não façam [a bênção] como se estivessem a fazer um casamento, procurem tirar toda a conotação [de casamento]”.
Lusa