“É urgente aumentar o recrutamento e a retenção. É urgente modernizar os sistemas de armas. É urgente assumirmos a prontidão porque o dia de amanhã é incerto. Estas três urgências estão interligadas. Não podemos ter um Exército com elevada prontidão operacional sem militares e sem equipamentos modernos e interoperáveis com os nossos parceiros”, afirmou.
O general, que discursava em Viana do Castelo durante a cerimónia militar do Dia do Exército, admitiu que o Exército está a passar “um momento crítico” e que apesar de, no último ano, terem ingressado neste ramo das Forças Armadas 1.587 militares, aquele número é “insuficiente, considerando a erosão de efetivos”.
“Ter um Exército pronto, equipado e com militares motivados, deve ser assumido como uma prioridade dos Estados, não de forma circunstancial, mas permanente. As recentes operações militares evidenciam a necessidade de dispormos de sistemas de armas modernos e tecnologicamente evoluídos. O Exército tem a real noção do custo da tecnologia e da sua falta, mas conhece a realidade do país”, adiantou
O Chefe do Estado-Maior do Exército defendeu que “os investimentos têm de ser criteriosos", considerando, nesse âmbito, que "os projetos financiados pela Lei de Programação Militar são apenas os indispensáveis, para evitar a obsolescência dos principais sistemas de armas, e os prioritários, para garantir a continuidade dos compromissos internacionais”.
“A maioria dos projetos em curso, ou a iniciar, destinam-se a colmatar lacunas muito relevantes, que derivam do facto de não ter sido possível a sua edificação, ou manutenção no passado. Os atuais cenários internacionais fazem emergir a necessidade de apostar na inovação e na modernização, para dotar o sistema de forças com as capacidades adequadas”, observou.
O general Eduardo Mendes Ferrão assinalou que Portugal vive “num ambiente seguro”, mas num mundo cada vez mais interligado, o impacto das guerras e conflitos” que vão surgindo em “variadíssimas geografias, lembram que os Exércitos têm de estar prontos para intervir, quando e onde forem necessários, em prol da defesa nacional e segurança internacional”.
“A preparação dos Exércitos requer rigor no planeamento, exigência na preparação e capacidade para antecipar os possíveis cenários de emprego. O improviso, como a história bem nos ilustra, não conduz a bons resultados”.
No discurso que proferiu no Campo da Agonia, em Viana do Castelo, a ministra da Defesa respondeu que face ao “contexto de profundas transformações no sistema internacional” o Governo tem em curso a missão urgente de recrutamento e retenção de militares e na modernização dos equipamentos.
“A crescente instabilidade e insegurança a que temos vindo a assistir tornou-nos plenamente conscientes da importância de reforçar o investimento no recrutamento, educação e formação no Exército, no seu treino e aprontamento, no planeamento e na modernização das suas capacidades. Esta é, inquestionavelmente, uma missão urgente e em curso”, referiu Helena Carreias, referindo-se “à guerra na Ucrânia, ao agravamento da conflitualidade no Médio Oriente e a uma crescente instabilidade a sul”.
A governante destacou que “sem pessoas e meios não há Defesa”, garantindo que desde o início do mandato o Governo tem procurado “melhorar as condições de atratividade e de retenção, capacitando-a “com os meios e equipamentos necessários”.
Apontou como exemplos, no próximo ano, “o aumento em 70 euros mensais a componente fixa do Suplemento da Condição Militar, uma medida que aumentará o rendimento disponível de todos os militares em efetividade de serviço, beneficiando 26.500 militares”.
A ministra da Defesa referiu ainda, entre outras medidas, o quadro permanente da categoria de praças no Exército, que “estará implementado muito em breve”, o regime de contrato especial, condições de habitabilidade nas unidades militares e permite aos candidatos uma colocação junto dos respetivos domicílios, o plano para a profissionalização do serviço militar ou o recrutamento local que permite aos candidatos uma colocação junto dos respetivos domicílios.
“Em 2024, o orçamento da Defesa Nacional voltará a crescer, mais de 10% em comparação com este ano. A proposta de orçamento prevê um reforço de 30 milhões de euros para a operação e manutenção dos meios e equipamentos das Forças Armadas, o que representa um aumento de 9,5%. A estes valores soma-se o valor previsto na Lei de Programação Militar, que, até 2026, contempla investimentos superiores a 170 milhões de euros, por ano, em modernização, sustentação e manutenção dos meios das Forças Armadas em todos os ramos”, sublinhou.
No caso do Exército, Helena Carreiras, destacou “a sustentação dos Leopard e a modernização das Pandur, assim como os projetos estruturantes que incluem a continuidade do Sistema de Combate do Soldado e ainda o novo helicóptero de apoio, proteção e evacuação, um projeto nuclear que contribui para a adaptação do Exército às novas tipologias de missões que lhe são incumbidas”.
Lusa