Comandantes de seis corporações de bombeiros voluntários da Madeira foram hoje unânimes em considerar que o excesso de material combustível na floresta e os terrenos agrícolas abandonados na ilha potenciam os incêndios e dificultam o seu combate.
"A orografia da Madeira não é fácil, mas o combate seria mais eficaz com uma melhor gestão florestal e com a abertura de mais caminhos florestais", disse Fernando Gomes, dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos, numa audição no parlamento regional onde também foram ouvidos os comandantes dos bombeiros de Santana, Ribeira Brava, São Vicente/Porto Moniz e dos Voluntários Madeirenses (Funchal).
A audição foi solicitada pelo PSD, partido da maioria, com vista a "conhecer a estratégia e o grau de operacionalidade" das corporações no combate a incêndios florestais, bem como as medidas de prevenção no âmbito do Plano Operacional de Combate aos Incêndios.
Os comandantes informaram que os meios materiais são suficientes para as necessidades do dia-a-dia, embora não digam o mesmo face a situações de calamidade.
Por outro lado, foram unânimes em considerar que os recursos humanos são deficitários e inconstantes, devido à saída periódica de elementos das corporações, pelo que defendem a revisão do Estatuto Laboral e Social do Bombeiro Voluntário, de modo a fomentar o voluntariado, criando, por exemplo, mais incentivos fiscais.
O deputado do CDS-PP Mário Pereira, que integra a Comissão de Saúde e Assuntos Socais do parlamento madeirenses, lembrou, no entanto, que já foram apresentadas várias propostas de revisão do estatuto do bombeiro voluntário e todas foram chumbadas pela maioria social-democrata.
Em termos operacionais, os comandantes colocaram o enfoque na necessidade de proceder a limpeza de material combustível na floresta e dos terrenos agrícolas abandonados, situações recorrentes em todos os concelhos da Região Autónoma Madeira.
"Nunca tivemos tantos meios como hoje temos na Madeira, o que falta é a prevenção, a limpeza de terrenos agrícolas abandonados, a limpeza de estradas e das bermas e uma rede de água a funcionar na plenitude", disse Artur Fernandes, dos Bombeiros Voluntários de São Vicente/Porto Moniz, vincando que a época de incêndios na região é "todo o ano".
Por isso, defendeu que o POCIF – Plano Operacional de Combate a Incêndios Florestais, que vigora entre 15 de junho e 15 de outubro, devia estender-se aos doze meses.
LUSA