O Museu A Cidade do Açúcar dinamizou esta quinta-feira o último de uma série de workshops, conferências e seminários temáticos que estiveram a decorrer desde o passado mês de fevereiro, sob o título “O Ciclo do Açúcar”. A principal missão deste conjunto de eventos tem sido dar a conhecer aos visitantes os principais testemunhos da produção e tecnologia açucareira que este museu preserva no seu acervo, daquele que é um dos períodos económicos mais significativos de toda a História da Madeira (séculos XV a XVII).
A derradeira conferência teve lugar no dia 22 de junho, pelas 15h30, no Museu do Açúcar, e teve como tema “As Palavras da Cultura Açucareira no Atlântico”. A oradora convidada é a Professora Doutora Naidea Nunes, licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e mestre em Linguística Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A oradora explica que “as palavras têm uma origem, uma história e um percurso geográfico associados à evolução civilizacional e à mobilidade humana. Desta forma, algumas palavras da Cultura Açucareira no Atlântico chegaram à Madeira do Mediterrâneo, mas outras surgiram do grande desenvolvimento da produção açucareira na ilha.” A partir da Madeira, refere Naidea Nunes, “a tecnologia e a terminologia açucareiras foram levadas diretamente para as Canárias, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Brasil e, indiretamente, através das Canárias, para toda a América Latina. É por isso que, hoje em dia, ainda encontramos, em todos esses territórios, onde se conserva a produção açucareira tradicional ou industrial, palavras da antiga cultura açucareira madeirense.” Este foi justamente o tema da conferência desta quinta-feira, rematando a investigadora que “o açúcar de cana foi provavelmente o primeiro produto global que cimentou a unidade linguística e cultural que existe entre os dois lados do Atlântico.”