Segundo o organismo representativo do tecido empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria, a decisão de “uma redução e/ou potencial saída da Ryanair traz à memoria as decisões de saída da Easyjet, em 2017, e, mais tarde, da Delta Airlines”.
“A CCIPD respeita, naturalmente, as opções privadas, que resultam da apreciação que cada empresa faz do contexto em que atua. Considera, no entanto, que é imperativo que o Governo Regional acompanhe junto dos operadores aéreos a evolução do mercado e crie as condições necessárias para que a competitividade do destino Açores não seja prejudicada, como está a ser no caso atual”, refere-se em nota de imprensa.
O organismo especifica que os danos se fazem sentir “nomeadamente na manutenção e desenvolvimento de operações aéreas que contribuam definitivamente para a notoriedade da região, no desenvolvimento do setor turístico e para o combate à sazonalidade, desígnio da estratégia de turismo recentemente divulgada através do novo PEMTA-Plano Estratégico de Marketing e Turismo dos Açores, que fica agora gravemente prejudicado”.
Segundo a CCIPD, “perde-se na qualidade na mobilidade dos açorianos que vivem em São Miguel e noutras ilhas que pela sua proximidade, ou por conveniência de oferta, viajam por São Miguel, como é o caso não só de Santa Maria como também de outras ilhas”.
“O impacto negativo desta redução não se cinge assim ao setor do turismo, mas afeta sobremaneira os setores do comércio, dos serviços e da indústria, prejudicando também a notoriedade dos produtos de exportação dos Açores”, afirma a Câmara de Comércio.
De acordo com a CCIPD, acresce que a “redução anunciada significa a retirada de uma base, ou seja, o despedimento adicional de cerca de 50 postos de trabalho, com o impacto direto e indireto que isto representa para a ilha”.
A CCIPD considera “imperativo, no curto prazo, dinamizar todas as ações de promoção do destino Açores, nos mercados nacional e internacionais, não bastando as campanhas em parceria com os operadores turísticos, mas impondo-se também um investimento célere e com dimensão na notoriedade do destino Açores como forma urgente de estimular os fluxos no inverno”.
“Para o médio e longo prazo devem ser implementadas políticas de desenvolvimento nos mercados assentes na promoção da notoriedade do destino Açores e na implementação de um programa de fidelização direcionado aos operadores aéreos, à semelhança do que outros destinos concorrentes fazem”, defende o organismo.
Os empresários concluem que “se, em 2017, a saída da Easyjet das rotas dos Açores constituiu um revés muito significativo para o ambiente concorrencial dos transportes aéreos para os Açores e, muito particularmente, para Ponta Delgada, em 2023 a redução de capacidade aérea da Ryanair apresenta um impacto negativo muito superior, na medida em que a oferta de alojamento, serviços e produtos cresceu e tem uma dimensão, à data, incomparável com a de 2017”.
As ilhas de São Miguel e Terceira vão passar a ter no inverno quatro ligações aéreas com o continente operadas pela Ryanair (duas para Lisboa e duas para o Porto), anunciou em 01 de setembro o Governo dos Açores.
Em comunicado, o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) e a Visit Azores (responsável pela promoção do arquipélago) adiantaram que a operação da Ryanair para a região vai contar com, pelo menos, cerca de 2.032 voos anualmente.
Durante o inverno, “para já”, estão previstas duas ligações semanais entre Ponta Delgada e Lisboa e outras duas de Ponta Delgada para o Porto.
A ilha Terceira também vai estar ligada a Lisboa e ao Porto com dois voos semanais para cada destino operados pela companhia de baixo custo.
“Além de ligações Lisboa/Ponta Delgada e Porto/Ponta Delgada, bem como Lisboa/Terceira e Porto/Terceira, existirão ainda, durante o verão, ligações a Stansted (Londres, Reino Unido) e Nuremberga (Alemanha), que já apresentam perspetivas de reforço em 2025 face à operação prevista para 2024”, adiantou o executivo.
Para o verão, estão programadas 13 ligações por semana entre Ponta Delgada e Terceira com Lisboa, sete com o Porto, uma com Stansted e outra com Nuremberga.
Lusa