A Associação dos Lesados do Banif (ALBOA) vai entregar hoje ao Governo, Banco de Portugal (BdP) e Santander Totta um "protesto formal e fundamentado" considerando que o Santander "tem dois pesos e duas medidas" em Portugal e em Espanha.
De acordo com o vice-presidente da ALBOA, José Prada, o Banco Santander (em Portugal Santander Totta) "apresenta-se com dois pesos e duas medidas conforme atua em Portugal ou em Espanha".
"Enquanto em Espanha está a estudar a forma de indemnizar os pequenos acionistas do Banco Popular incorporado pelo Santander através de uma venda simbólica de 1 euro, em Portugal o banco espanhol ignora as vítimas que foi fazendo através dos sucessivos negócios, sempre altamente vantajosos, relacionados com o Banif e sucedâneos", disse José Prada, em declarações à Lusa.
Segundo a ALBOA, é público que a venda do Banif ao Santander "foi mais uma oferta, com presente incorporado de muitos milhões de euros, do que uma venda real" e que "tudo isto ocorreu com prejuízo dos pequenos aforradores, acionistas e obrigacionistas do Banif".
A associação recorda também, a propósito, a recente a alienação de um ativo do Banif Finance ao Santander Totta pela quantia de 90 mil euros (99% do seu valor formal) um importante ativo do Banif Finance, "prejudicando mais uma vez os lesados de um valor que fundamentadamente esperariam poder vir a responder pelas responsabilidades desta entidade".
"Isto passa-se em Portugal: o Santander sempre a beneficiar em várias frentes, o Estado português a não defender os direitos dos portugueses e dos cidadãos lesados Banif em particular", lamenta a ALBOA.
A ALBOA representa 3.500 obrigacionistas subordinados que perderam 263 milhões de euros no processo de venda do banco ao Santander, bem como 4.000 obrigacionistas da Rentipar (‘holding’ através da qual as filhas do fundador do Banif, Horácio Roque, detinham a sua participação), que investiram 65 milhões de euros, e ainda 40 mil acionistas, dos quais cerca de 25 mil são oriundos da Madeira.
O Santander Totta adquiriu o Banif por 150 milhões de euros em dezembro de 2015, na sequência de uma resolução do Governo da República e do Banco de Portugal, através da qual foi criada a sociedade-veículo Oitante, para onde foi transferida a atividade bancária que o comprador não adquiriu.
LUSA