Só na maior floresta tropical do planeta, a área convertida para algum uso humano, como cidades ou atividades agrícolas, foi de 52 milhões de hectares de vegetação nativa no período, quase a mesma do território da França.
Os dados correspondem ao mais recente relatório do Mapbiomas sobre o uso do solo entre 1985 e 2022, elaborado com ajuda de imagens de satélite e inteligência artificial.
Segundo o estudo, de toda a área antropizada (convertida para uso humano) em cinco séculos no país, 33% ocorreu nos últimos 38 anos, o que fez com que a proporção de vegetação nativa que permanece intacta no Brasil caísse de 76 % para 64% no período.
Esse processo ocorreu com maior força na Amazónia e no Cerrado onde, naquele período, foram convertidos 52 milhões e 31,9 milhões de hectares, respetivamente.
Porém, proporcionalmente à vegetação existente em 1985, os biomas que mais perderam vegetação nativa até 2022 foram Cerrado (25%) e Pampa (24%).
O avanço da agricultura e da pecuária é observado em todos os biomas brasileiros entre 1985 e 2022.
A área ocupada pela agricultura na Amazónia saltou de 3% para 16%, no Pantanal, de 5% para 15%, no Pampa, de 29% para 44%, e na Caatinga (região semiárida do chaparral no Nordeste do Brasil), de 33 a 40%.
“No Cerrado, as atividades agrícolas ocupam hoje metade do bioma (50%). Em 1985 era pouco mais de um terço (34%)”, diz o estudo.
Em todo o Brasil, a área ocupada pelas atividades agrícolas aumentou de 22% para 33%. As pastagens ocuparam mais de 61,4 milhões de hectares entre 1985 e 2022 e as áreas agrícolas 41,9 milhões de hectares no mesmo período.
O avanço da agricultura ocorreu principalmente em áreas florestais, que perderam 58,6 milhões de hectares no período, segundo o Mapbiomas, rede criada por organizações não-governamentais, universidades e empresas de tecnologia para analisar o uso da terra com ajuda de imagens de satélite.
Lusa