"Eu quero exatamente outro tipo de comportamento por parte dos profissionais de saúde neste momento. Não é o momento para pedir escusa (de responsabilidade), é o momento para contribuir com algo mais para o sucesso do Serviço Regional de Saúde", declarou Pedro Ramos.
Em declarações à margem da cerimónia de comemoração do aniversário da Casa de Saúde São João de Deus, nas zonas altas do Funchal, o governante classificou o ataque informático ao Serviço de Saúde da Madeira (Sesaram) como "uma catástrofe" e pediu responsabilidade aos profissionais de saúde.
"Eu faço um apelo a todos os profissionais de saúde. Este não é o momento de escusas de responsabilidade. Este é o momento de mostrarmos uma responsabilidade diferente", reforçou Pedro Ramos.
A Ordem dos Médicos da Madeira manifestou na quarta-feira preocupação com o impacto do ataque informático ao Sesaram na atividade clínica prestada aos utentes, indicando que tem recebido declarações de escusa de responsabilidade.
Em comunicado, o Conselho Médico da Ordem dos Médicos da Madeira especificou que "tem recebido declarações de escusa de responsabilidade por parte de médicos do Sesaram, pelos acidentes ou incidentes que se possam verificar em resultado de falha de meios informáticos de registo médico".
Questionado se o Sesaram já conseguiu recuperar alguns dados dos utentes, o secretário regional da Saúde – que esteve fora da região em trabalho e ainda não se tinha pronunciado sobre o ataque informático – disse não poder responder, justificando que, "num processo como este, toda a informação tem de ser confidencial".
"Até podia estar a comprometer novamente o Sistema Regional de Saúde", advertiu.
Interrogado, por outro lado, sobre que áreas do Sesaram já terão retomado a normalidade, Pedro Ramos indicou que "o bloco operatório já estava a operar", apontando que são estimadas para o dia de hoje a realização de 20 operações às cataratas.
O responsável pela pasta da Saúde no arquipélago salientou também que estão a ser criadas "soluções alternativas" para todos os serviços de saúde.
"Nós temos de aprender com isto que aconteceu e temos que arranjar a solução para depois poder ser utilizada no futuro por outras instituições que sofram o mesmo tipo de situação", disse.
Pedro Ramos referiu ainda que, na sequência deste ataque informático, cuja dimensão ainda está a ser apurada, a comunicação interna entre os profissionais de saúde tem sido feita através da aplicação de mensagens instantâneas WhatsApp.
Na quarta-feira, o Sesaram indicou que contactou os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) com vista à partilha de informação.
Na terça-feira, o Serviço Regional de Saúde informou que o serviço estava a funcionar, embora mantendo ainda "limitações na realização de algumas consultas, na realização de exames e análises clínicas não urgentes".
O Serviço de Cibersegurança do Governo Regional perspetivou, numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira, que o tempo de recuperação do ciberataque, sinalizado às 08:11 de domingo e que provocou uma "disfunção na rede informática", será prolongado.