"Não somos uma doença, nem um problema (…) Cada um de nós é um dom, um dom único com os seus limites, um dom precioso e sagrado para Deus, para a comunidade cristã e para a comunidade humana. E, assim como somos, enriquecemos o conjunto e deixamo-nos enriquecer pelo conjunto."
"A Igreja não é um museu de arqueologia, mas — como nos recordava o padre Francisco (pároco da Serafina), inspirando-se em São João XXIII — é ‘o antigo fontanário da aldeia que dá água às gerações de hoje, como a deu às do passado’".
"O fontanário serve para matar a sede dos caminhantes que chegam, carregando o peso real e as canseiras concretas do seu caminho! Por conseguinte é necessária concretização, atenção ao ‘aqui e agora’, como aliás já fazeis com o cuidado dos pormenores e sentido prático, belas virtudes típicas do povo português."
"Apenas gostaria de dizer algo que não está aqui escrito, mas está no espírito. O concreto. Não existe amor abstrato, só amor concreto. O amor platónico está em órbita, não na realidade".
"O amor concreto é aquele que suja as mãos. E podemos perguntar-nos: e o amor que eu sinto por todos? É concreto ou abstrato? Quando dou a mão a um necessitado, a um doente, a um marginal, depois faço assim, de seguida (enquanto esfrega a mão na batina, simulando a limpeza da mão), para que não me contagie?"
"Tenho nojo da pobreza? Da pobreza dos outros? Estou sempre a procurar uma vida destilada, essa que existe na minha fantasia, mas que não é real? Quantas vidas destiladas e inúteis que vivem sem deixar marca porque a vida destilada não tem peso?"
"Faço-vos uma pergunta, mas não lhe respondam em voz alta: eu choro, de vez em quando? Há coisas na vida que me fazem chorar? Todos chorámos e choramos".