Numa entrevista publicada hoje, Stanislaw Zaryn, que coordena os serviços de vigilância de fronteiras e de informações da Polónia, afirmou que após a decisão de Varsóvia de expulsar 45 diplomatas da embaixada russa em março de 2022, "as autoridades russas ficaram desnorteadas” e "incapazes de realizar certas atividades através da sua equipa diplomática".
Segundo o ministro polaco, a Rússia foi obrigada a “recrutar novas pessoas para tentar se infiltrar na Polónia em larga escala”, uma vez que “por razões óbvias, o mundo hoje presta muito mais atenção à Polónia” do que no passado e a procura de informação sobre o país aumentou significativamente.
“Detetamos um aumento [da atividade] nos serviços russos e bielorrussos, que foi confirmado pelos números: nos últimos 14 meses detivemos um total de 22 espiões destes dois países”, sublinhou Zaryn.
Novas informações sobre uma pessoa detida em 21 de junho na Silésia, região no sul da Polónia – que foi acusada de planear uma sabotagem sob ordens russas – revelaram que o suposto espião, de nacionalidade ucraniana, estava a preparar um ataque com explosivos contra as linhas ferroviárias por onde passa a ajuda para a Ucrânia.
Em mensagens publicadas hoje nas suas redes sociais, Zaryn referiu-se ainda à presença de mercenários do Grupo Wagner na Bielorrússia e escreveu que a Polónia “está a acompanhar a situação e a vigiar o que estão a fazer e onde se encontram os membros do grupo” paramilitar.
Sobre os relatos de alegados treinos conjuntos do exército bielorrusso e dos mercenários do Grupo Wagner, Zaryn declarou que tal situação "não é surpreendente".
O ministro polaco acrescentou que os mercenários do grupo liderado por Yevgeny Prigozhin não foram para a Bielorrússia para encerrarem as suas atividades, mas para “continuar a realizar missões do Kremlin (Presidência russa)".
Segundo Zaryn, podem estar "mais de 1.000" mercenários do Grupo Wagner num acampamento provisório localizado a cerca de 80 quilómetros da capital bielorrussa, Minsk.
Varsóvia decidiu há alguns dias transferir duas unidades militares para bases perto da sua fronteira com a Bielorrússia.