Os utentes concentraram-se dentro do edifício da Câmara da Covilhã, criticando o corte na qualidade e na oferta dos transportes urbanos, desde que entrou em vigor, no dia 01, a nova concessão assegurada pela MoviCovilhã, do grupo Transdev.
A concentração estava inicialmente marcada para acontecer à frente da Câmara da Covilhã, numa ação convocada pela União dos Sindicatos de Castelo Branco e pela direção distrital da Inter-Reformados, para as 09:30, hora de arranque da reunião do executivo municipal, mas muitos dos utentes acabaram por decidir entrar na sede da autarquia.
Dentro do edifício, os utentes ouviram as explicações do presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira (PS), que se mostrou solidário com as críticas e com preocupações apresentadas pela população.
Para além do grupo Transdev não ter “avisado nem alertado das alterações que iriam ser implementadas” com a entrada da nova concessão, a empresa de transportes terá falhado em “três princípios” previstos no caderno de encargos definido, disse à agência Lusa o autarca.
“Os horários que existem e que servem as pessoas têm de ser cumpridos, terá de ser alargada a área de cobertura da concessão com zonas que não eram servidas por transportes públicos e as carreiras têm de ser mais frequentes. Estes princípios não foram cumpridos”, notou Vítor Pereira.
Segundo o presidente da Câmara, o grupo Transdev disse ao município que precisava de tempo para as devidas adaptações e ajustamentos para o sistema estar a funcionar em pleno no arranque do próximo ano letivo.
“Estou de boa-fé em relação ao contrato, mas começou mal”, vincou, salientando que já pediu à Universidade da Beira Interior para fazer um diagnóstico “rigoroso e fidedigno” da situação, para se poder avaliar se a implementação do novo sistema de transportes urbanos “está a ser bem feita”.
Vítor Pereira sublinhou que o município pretende resolver o problema “pacificamente”, mas asseverou que “a empresa não pode incumprir” o previsto no caderno de encargos.
Segundo o coordenador da União dos Sindicatos de Castelo Branco, Sérgio Santos, a nova concessão “suprimiu horários, paragens, apeadeiros e rotas”.
“Há pessoas que deixaram de ter autocarros, outras que têm de apanhar dois para ir trabalhar ou que num percurso que demorava 20 ou 30 minutos passou a demorar uma hora”, notou.
Apesar de hoje terem estado presentes sobretudo reformados, Sérgio Santos vincou que a situação afeta inúmeros trabalhadores, que deixaram de ter uma opção de transportes públicos para se deslocarem ao seu local de trabalho.
Apesar de não ficar descansado com as explicações do presidente da Câmara, Sérgio Santos mostrou-se esperançoso “que as coisas se resolvam”, considerando importante o município entender o descontentamento da população.
“Se até 21 de julho não estiver reposto aquilo que propusemos [o regresso aos horários e serviço que eram anteriormente assegurados], estaremos concentrados na próxima Assembleia Municipal”, marcada para esse dia, vincou.