“A meio da cerimónia surgiu, no local em que a FENPROF se encontrava, um grupo de cerca de uma dezena de professores envergando tshirts com caricaturas de mau gosto de Marcelo Rebelo de Sousa e de João Costa e empunhando cartazes com a imagem distorcida de António Costa, tendo este um lápis espetado em cada olho. Mais tarde, esse grupo seguiu o primeiro-ministro durante largos minutos. A FENPROF demarca-se daquelas imagens, considerando que para se exigir respeito é necessário saber respeitar. Se a lutar também se está a ensinar, não se podem usar como armas o insulto e populismo. Imagens como as que foram exibidas não dignificam os professores e a sua justa luta”, afirmou a estrutura sindical em comunicado enviado hoje às redações.
A Fenprof sustentou, no documento, que em Portugal existe “um grave problema” de falta de professores nas escolas, o que atribui à desvalorização da profissão, e reiterou que continuará a lutar para exigir “respeito”, como fez no sábado durante as celebrações do 10 de junho.
“Da parte do primeiro-ministro apenas se ouviu dizer o habitual: que foi quem descongelou a carreira, afirmação que parece querer dizer que manter as carreiras congeladas é normal e descongelá-las algo de extraordinário. O que é extraordinariamente negativo é que os professores progridam para escalões muito abaixo daquele em que já deveriam estar e que quem exerce atividade no continente seja discriminado em relação aos colegas dos Açores e Madeira”, lê-se no comunicado.
De acordo com a federação, os professores que representa respeitaram as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, tendo sido saudados “por muitas pessoas” que lhes desejavam força para continuarem a luta.
“Foram também cumprimentados pelo senhor Presidente da República que garantiu que se irá manter atento à situação que se vive na Educação, admitindo a realização de uma reunião para breve”, acrescentou a estrutura, saudando os docentes que se manifestaram de “forma civilizada e respeitadora”.
O primeiro-ministro considerou que os protestos fazem “parte da liberdade e da democracia”, depois de ter sido confrontado por muitos professores que aproveitaram o 10 de Junho para se manifestarem na Régua.
Após ter terminado a cerimónia militar, António Costa percorreu a pé o trajeto desde a avenida do Douro até ao local escolhido para o almoço, tendo sido sempre seguido por muitos docentes que gritavam, entre outras palavras de ordem “respeito”.
A mesma mensagem estava escrita nos cartazes, em alguns dos quais era também possível ler “demissão” e ver a imagem do primeiro-ministro com dois lápis nos olhos e um nariz de porco.
À chegada ao local do restaurante, a mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto. Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder aos comentários, mas, depois, virou-se para trás e gritou “racista”, visivelmente exaltado.