A atribuição do Prémio Europeu Carlos V a António Guterres foi anunciada em Mérida em março passado e a cerimónia de entrega do prémio, na terça-feira, será presidida pelo monarca espanhol, Filipe VI.
Esta será a primeira vez que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estarão juntos depois de terem protagonizado uma divergência pública em torno da manutenção no Governo do ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Na terça-feira à noite, o primeiro-ministro pediu desculpa aos portugueses pelos incidentes “deploráveis” que ocorreram no Ministério das Infraestruturas no final de abril, envolvendo membros do gabinete de João Galamba, por causa da comissão de inquérito parlamentar da TAP.
António Costa, apesar de ter condenado os incidentes, ilibou o ministro e culpou um ex-adjunto deste ministro, Frederico Pinheiro, o que motivou uma nota pública do chefe de Estado em que manifestou desacordo em relação a essa decisão tomada pelo líder do executivo.
Na quinta-feira, numa comunicação ao país, o Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".
O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".
Na sexta-feira, o primeiro-ministro afirmou que a divergência com o Presidente da República em torno da manutenção do ministro João Galamba no Governo foi uma “exceção”, sem dramatismo, numa relação institucional marcada pelo “acerto de agulhas”.
“Em sete anos e dois meses de relacionamento foi uma exceção naquilo que o próprio Presidente da República designou como uma relação marcada pela capacidade de acertarmos agulhas. Por isso, não se justifica dramatizar que em sete anos e dois meses tenha havido um momento onde as agulhas não ficaram acertadas”, sustentou.
O Prémio Europeu Carlos V, que juntará Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa na Estremadura espanhola, pretende reconhecer pessoas, organizações, projetos ou iniciativas que tenham contribuído para o conhecimento geral e valorização dos valores culturais e históricos da Europa ou para o processo de integração da União Europeia.
Jacques Delors, Wilfried Martens, Felipe González, Mikhail Gorbachev, Jorge Sampaio, Helmut Kohl, Simone Veil, Javier Solana Madariaga, Durão Barroso, Sofia Corradi, Marcelino Oreja Aguirre, Antonio Tajani e Angela Merkel foram personalidades anteriormente galardoadas com o Prémio Carlos V da Fundação da Academia Europeia e Iberoamericana de Yuste.