Numa mensagem publicada hoje na rede social ‘Twitter’, o Ministério da Defesa escreve que “dias antes de a Rússia invadir a Ucrânia, e em menos de 16 horas, três militares foram enviados para a embaixada portuguesa em Kiev com a missão de preparar a retirada de cidadãos nacionais do país”.
“Iniciada a guerra, em 37 horas de operação colocaram em segurança o primeiro grupo de 40 pessoas”, é acrescentado.
A operação em causa, denominada ‘ESTEPE’, foi levada a cabo pelo Capitão-de-fragata Costa Dias, o Tenente-Coronel Pamplona de Sousa e o Major Cordeiro Caetano, que foram condecorados com a medalha de Defesa Nacional esta quarta-feira pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, numa cerimónia privada.
À distância participaram o Capitão-de-fragata Costa Dias e o embaixador de Portugal na Ucrânia, António Alves Machado, tendo estado presentes o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Nunes da Fonseca, e familiares dos militares, entre outras entidades.
Segundo a portaria sobre a condecoração, publicada em 6 de abril deste ano em Diário da República, os três militares estiveram na Ucrânia entre os dias 12 de fevereiro e 8 de março de 2022, “para apoiar a missão diplomática nacional na continuidade da sua atividade” e no planeamento e retirada de cidadãos nacionais daquele país.
No texto é referido que "perante a deterioração da situação de segurança na Ucrânia em fevereiro de 2022 em razão das demonstrações de força da Federação Russa", o Ministério dos Negócios Estrangeiros, na altura tutelado por Augusto Santos Silva, "solicitou um reforço imediato da Embaixada de Portugal em Kiev".
Neste contexto, continua a descrição, por decisão do então ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, “foram projetados, em menos de 16 horas, no dia 12 de fevereiro para a Embaixada de Portugal, três militares”.
Em 24 de fevereiro, dia da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, “e num ambiente de elevada incerteza e risco, após o bombardeamento da cidade de Kiev, deu-se início à operação ‘ESTEPE’”, com a retirada imediata “dos diplomatas portugueses para local seguro” bem como a retirada de “cidadãos portugueses e pessoas elegíveis da Ucrânia para uma fronteira europeia segura”.
“Após 37 horas e 640 quilómetros de movimento terrestre, em ambiente fortemente afetado pelo fluxo complexo e instável de população em fuga, uma coluna com 41 cidadãos portugueses e luso-ucranianos, que incluía o embaixador e permitia a continuidade da ação diplomática, chegou em segurança à fronteira da Moldova”, lê-se no texto.
Já na Roménia, na região de Botosani, os militares estabeleceram contactos com as autoridades locais, “que permitiram a avaliação contínua de rotas e postos fronteiriços, que vieram posteriormente a ser utilizadas por outros grupos de portugueses que, por sua iniciativa, foram saindo da Ucrânia, tal como outros cidadãos de diversos países, cujos diplomatas recorreram ao apoio da Embaixada de Portugal e da equipa de militares”.
No dia 1 de março de 2022, os três militares receberam a tarefa de acompanhar em segurança a transferência da embaixada, “de todo o material de cifra, equipamento e material contencioso, para instalação imediata e temporária da mesma em Varsóvia [capital da Polónia], assegurando dessa forma a sua rápida operacionalização no acompanhamento e apoio ao intenso fluxo de refugiados que se verificava”.
No texto são enaltecidos os serviços “relevantes e extraordinários” prestados por estes três militares portugueses, “constituindo atos notáveis que permanecerão na memória individual dos cidadãos” retirados e na “memória coletiva dos portugueses, tendo deles resultado honra e lustre para as Forças Armadas e para Portugal”.